Alguns caminhoneiros que estão parados na BR-040 desde a noite dessa segunda-feira aproveitaram para vender produtos e mercadorias que estragam em menor tempo. Na tarde desta terça, cerca de 15 motoristas, produtores de Barbacena, Região Central do estado, estacionaram no acostamento da BR-040 e vendem os alimentos que transportavam pela metade do preço. Morango, vagem, couve-flor, batata, tomate e repolho podem ser comprados nesta tarde pelas pessoas que passam por Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A caixa do morango, por exemplo, que seria vendida no Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) por R$ 10, é vendida por R$ 4,50 na rodovia.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi ao trecho da BR-040 para organizar os caminhões, que pararam para vender os produtos, solicitando que estacionassem no acostamento para que o trânsito pudesse fluir na rodovia. Os produtores de Barbacena estão revoltados com a paralisação, pois estão retidos na estrada desde ontem e temiam a perda das mercadorias, que seriam levadas para a Ceasa Minas.
De acordo com a assessoria da Ceasa Minas, até o momento, as interdições em rodovias não interromperam a oferta dos principais produtos. A Ceasa Minas informou que a paralisação ainda não causou forte impacto na distribuição de mercadorias e que o mercado funcionou normalmente na segunda-feira e segue com abastecimento regular até a tarde desta terça. Segundo a assessoria, terça é o dia mais fraco da semana em relação à chegada de mercadorias na central.
Em nota, a Ceasa Minas explicou que "com base no controle estatístico de entrada de mercadorias e em informações apuradas junto ao mercado atacadista, até esta terça-feira não houve desabastecimento no entreposto de Contagem, tendo em vista as interdições de rodovias por caminheiros". A Ceasa Minas informou ainda que uma análise mais precisa dos possíveis impactos na entrada de mercadorias deverá ocorrer após o mercado da manhã desta quarta-feira, quando a movimentação volta a ser mais intensa.
Impacto no preço dos alimentos
Levantamento da Ceasa Minas aponta que no mercado dessa segunda, dia considerado de referência para o comércio atacadista, a oferta da maioria dos alimentos mais representativos no entreposto aumentou quando comparada ao dia 9 de fevereiro, segunda-feira que antecedeu o feriado de carnaval.
Os destaques com aumentos na oferta foram a melancia (69,8%), limão tahiti (45%), moranga híbrida (34,8%), tomate longa vida (25,6%), abacaxi (20%), ovos (13,2%) e batata (1,7%), dentre outros produtos. Entre os que tiveram queda, estão a maçã e a cebola, que, por virem principalmente da região Sul do país nesta época, estão mais sujeitas às interdições em rodovias.
Os 14 produtos selecionados do comparativo representam 63% da oferta de hortigranjeiros no entreposto da Ceasa Minas Grande BH.
Entenda a manifestação
Nesta terça-feira, caminhoneiros mantêm a interdição em pelo menos oito trechos de BRs mineiras. O protesto se estende por mais de 48 horas e impede a passagem de veículos de carga. Somente carros menores e ônibus têm a circulação liberada. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os pontos de interdição estão na BR-381, em Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Oliveira e Perdões, na BR-262, em Juatuba, na Grande BH, e Realeza, distrito de Manhuaçu, Zona da Mata, na BR- 040, em Nova Lima e Congonhas, Região Central, além da BR-116, também em Manhuaçu. Há interdição ainda na MG-050, entre Itaúna e Divinópolis, no Centro-Oeste. Além de Minas Gerais, seis estados enfrentam protestos: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás, com bloqueios em rodovias, nesta terça-feira.
Em sete estados do país, caminhoneiros cruzaram os braços, mas a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com ações na Justiça Federal com o intuito de suspender os bloqueios nas estradas. A AGU, além de pedir a adoção de medidas necessárias para garantir o direito de ir e vir das pessoas, liberando as pistas para livre circulação, solicitou ainda a fixação de multa de R$ 100 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego.
Os trabalhadores reclamam que o preço dos combustíveis aumentou e o dos fretes permanece inalterado. Os motoristas profissionais ainda reivindicam queda no valor dos pedágios, melhores condições nas rodovias do país e tributação diferenciada no transporte de cargas.