O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, evitou comentar sobre a perda do grau de investimento da Petrobras após participar, na terça-feira, 24, de jantar com integrantes da cúpula do PSD em Brasília. "Assuntos da Petrobras, a Petrobras comenta", limitou-se a dizer.
Ontem à noite, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou o rating de crédito corporativo da estatal em dois graus, de Baa3 para Ba2, além de cortar todas as outras notas da empresa. Isso significa que a agência já não considera a estatal uma boa pagadora de seus débitos, o que complica ainda mais a situação da companhia, que é a petroleira mais endividada do mundo. Sem o grau de investimento, o acesso a novos financiamentos fica mais difícil e a empresa pode ter de pagar juros maiores do que os que conseguia até agora.
No jantar, foi discutida a necessidade de se aprovar duas Medidas Provisórias que endureceram o acesso a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego. As mudanças sugeridas pelo governo nas regras pode gerar uma economia de R$ 18 bilhões. As propostas devem começar a ser discutidas na próxima semana com a instalação das comissões mistas que tratarão do tema.
O ministro Nelson Barbosa considerou "normal" a apresentação de cerca de 600 emendas pelos parlamentares às propostas enviadas ao Congresso pelo Palácio do Planalto. Ele, no entanto, defendeu que sejam mantidos os textos originais.
"Nós propusemos as medidas no tamanho que achamos necessário. Estamos defendendo as medidas propostas, apresentando todos os argumentos e seu impacto. São medidas pontuais, que corrigem excessos, eliminam distorções", disse Barbosa. "Estamos apresentando vários argumentos que justificam a dosagem dessas medidas. Estamos confiantes que esse argumentos são bem recebidos e vão viabilizar a aprovação das medidas", acrescentou.
Segundo ele, uma rodada de conversas com a bancada do PT no Congresso também será realizada nos próximos dias para também convencer os petistas que apresentaram emendas às propostas.
Entre os presentes ao jantar também estava o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que chegou por volta das 21h30 na residência do líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), local do encontro. Além dos três, participaram da reunião o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa) e Gilberto Kassab (Cidades), que é presidente da legenda. Ainda foram ao jantar integrantes da bancada do Senado e da Câmara.