O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, falou na tarde desta quinta-feira, sobre a greve dos caminhoneiros. Na visão dele, houve uma redução do movimento desde que um acordo foi assinado na madrugada de hoje.
Ele admitiu, no entanto, que houve dificuldade para identificar os líderes e foi preciso se criar um processo de diálogo. "O governo manifestou o desejo de não só tomar as medidas possíveis como realizar diálogos", observou.
Ele classificou as reuniões de ontem entre caminhoneiros, empresários e governo como "muito importantes e significativas". "A pauta que era apresentada pelos caminhoneiros foi atendida em sua maioria", afirmou. O governo, porém, não cedeu em relação ao preço do diesel - a categoria pedia a redução em R$ 0,50 e obteve apenas o congelamento do valor atual.
Cardozo afirmou que medidas serão tomadas contra os caminhoneiros que desrespeitarem o acordo e liminares obtidas na Justiça. Segundo ele, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai aplicar multas de trânsito para quem estiver obstruindo as vias.
Identificados, os motoristas terão de arcar também com as multas emitidas pela Justiça contra o movimento, que vão de R$ 5 mil a R$ 10 mil por hora, a depender da estrada.
O ministro disse, ainda, que a Polícia Federal vai investigar denúncias de que empresários estariam incitando o movimento de paralisação dos caminhoneiros. Segundo Cardozo, "há notícias de diversos ilícitos" e todos serão apurados pela Polícia Federal.
"Pedi que a PF dê prioridade a esses inquéritos. Pessoas estão sendo impedidas de circular e há também proprietários de empresa que estão tentando liderar o movimento", explicou o ministro. Questionado sobre os possíveis prejuízos econômicos, ele afirmou que é impossível, neste momento, mensurar as perdas.
Reação
Minutos antes de o ministro da Justiça conceder entrevista coletiva, o Comando Nacional do Transporte registrou uma nota no Palácio do Planalto lamentando a criminalização do movimento grevista. "Não é aplicando multas, tampouco colocando a polícia para bater em pais de família, que as coisas vão se resolver", diz o documento.
A nota pede uma "audiência emergencial" do Comando com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. Três caminhoneiros integrantes do movimento estiveram na sede do governo, mas não foram recebidos pelo ministro, que participa de uma reunião e um evento oficial. "Estamos em Brasília e aguardamos o retorno das autoridades constituídas", sugere a nota.
Os caminhoneiros que estiveram no Planalto foram Ivar Schmidt, Márcio José Correa e Celso Dal Bosco. Schmidt afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que os caminhoneiros estão deixando as rodovias para cumprir liminares da Justiça - mas que já estão voltando às estradas para reiniciar os protestos.
O Comando afirma que o acordo fechado entre governo e sindicatos de caminhoneiros não será aceito e ameaça bloquear carros de passeio nas estradas - o que não foi feito até agora.
"Estamos organizados em aproximadamente 100 líderes espalhados em cerca de 128 pontos pelo Brasil. E a adesão não para de crescer. Já há disposição de bloquear veículos de passeio", afirmam em nota entregue no Palácio do Planalto.