O aumento da mistura de etanol na gasolina, de 25% para 27%, começa a valer a partir do próximo dia 16, segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira, após uma reunião no Palácio do Planalto que contou com a presença do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, os presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, e do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha.
Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, da Agricultura, Kátia Abreu, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, também acompanharam as discussões. "Estamos com 1 bilhão de litros de etanol estocados e, com essa decisão do governo, nós teremos a condição de tirar esse estoque de etanol. Esses 2% a mais da mistura significarão 1 bilhão de litros por ano de etanol no mercado, e o resultado disso é muito mais do que um resultado financeiro para o setor de etanol", destacou Kátia.
Uma portaria deverá ser publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União informando a mudança.
No início de fevereiro, os representantes dos setores automobilístico e sucroenergético já haviam se encontrado com o ministro da Casa Civil, quando solicitaram que os 27% fossem aplicados em até 15 dias, tempo necessário para que as distribuidoras acertassem a compra do produto. Apesar de a Anfavea ter anunciado que a medida passaria a valer a partir do dia 16 de fevereiro, a associação se antecipou ao governo federal, que ainda não havia decidido sobre o tema.
Pela lei atual, o governo pode optar por um porcentual que vai de 18% a 27,5%. A cadeia produtiva de açúcar e álcool havia solicitado, inicialmente, o limite máximo, mas dificuldades quanto à medição do 0,5 ponto porcentual limitaram a mistura a 27% e apenas para a gasolina C. No caso da gasolina premium, o porcentual permanece em 25%.
Aumento no consumo
A medida deve favorecer o setor sucroenergético e prejudicar o bolso do consumidor. Segundo especialistas, a nova mistura pode aumentar o consumo do veículo em até 4%. "Você vai ter um combustível inferior. Toda vez que se adiciona etanol, o consumo aumenta e o rendimento energético cai", explica o engenheiro Francisco Satkunas, da Sociedade dos Engenheiros Automotivos (SAE Brasil). Assim, além de arcar com o reajuste dos combustíveis, o proprietário de veículos automotores terá que voltar às bombas com mais frequência.
Outro ponto polêmico da “nova” gasolina é que ela não se limita à alta no consumo, mas pode causar problemas ainda maiores para proprietários de carros movidos somente a gasolina, importados e antigos. Segundo Satkunas, com o novo teor da mistura esses veículos poderão apresentar deterioração nos componentes, dificuldades em dar a partida e falhas posteriores. Proprietários de motocicletas também devem enfrentar o mesmo contratempo.
Com informações da Agência Estado