Empresários e lideranças políticas se uniram para convencer o governo de Minas a construir o maior gasoduto do país, com extensão de 450 quilômetros e orçado em R$ 1,8 bilhão. O projeto prevê uma tubulação do ramal já existente em Queluzito, na Região Central, ao Triângulo Mineiro. O principal objetivo da proposta é levar gás à fábrica que a Petrobras ergue em Uberaba para produção de amônia, mas o ponto final do tubo será em Uberlândia, onde outras empresas serão beneficiadas.
Na prática, o grupo deseja que o governo mineiro decida pela proposta, em detrimento de uma eventual possibilidade de um tubo ligar a fábrica da Petrobras a outra tubulação, já existente no interior de São Paulo, o que levaria a maior parte do investimento para o estado vizinho. A fábrica em construção necessita do gás para a produção de amônia, matéria-prima de fertilizantes usados nas lavouras de café, milho, soja e outras culturas importantes para o agronegócio nacional.
Uma das condições para que a fábrica fosse instalada em Uberaba foi o compromisso do governo estadual de construir um gasoduto. O governo mineiro não anunciou ainda se irá adotar a proposta apresentada ontem na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) ou se irá optar por ligar a fábrica ao gasoduto paulista. A previsão é de que a fábrica seja inaugurada no primeiro semestre de 2017. Até lá, o duto precisa estar pronto. Por isso, o governo deve divulgar sua decisão nos próximos dias.
“Estamos fazendo análises técnicas”, disse Altamir Rôso, secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais. Ele esteve ontem na Fiemg e informou que o estado fará uma engenharia financeira em busca dos recursos para a construção do duto. “Tudo é possível. Pode ser uma parceria público-privada, investimento da Cemig, da Gasmig ou aporte externo do setor privado.” Oficialmente, a construção da tubulação cabe à Gasmig, mas a maior acionária da empresa é a Cemig, subordinada ao Executivo.
O projeto da Fiemg, batizado de Novo Gás Oeste, abrange 55 cidades mineiras, onde há 14,2 mil indústrias de diferentes portes. A capacidade do duto seria de 3 milhões de metros cúbicos/dia de gás. O presidente da entidade, Olavo Machado, destaca que o projeto, se adotado pelo governo, irá atrair novos investimentos para a região. “Será um novo eixo para o desenvolvimento mineiro”, afirmou.
A tubulação também poderá “resgatar” empresas com faturamento em baixa. “Temos 14 empresas de guza na cidade, mas a penas cinco CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) estão funcionando”, explica o prefeito de Divinópolis, Vladimir Azevedo. O projeto é visto como uma das estratégias para recuperar o faturamento da indústria.
CRISE A Fiemg divulgou ontem balanço mostrando que o faturamento real do setor despencou 10,28% no confronto entre janeiro de 2015 e o mesmo mês de 2014. Na comparação com dezembro passado, o recuo foi de 1,05%. “Fechamos o exercício passado no negativo e começamos este escorregando ladeira abaixo”, lamentou Lincoln Fernandes, presidente do conselho de política econômica e industrial da entidade. O faturamento do setor de máquinas e equipamentos, um dos termômetros da economia de qualquer país, decresceu 28,44% no mesmo confronto. O motivo: menor número de pedidos, tanto para o mercado interno quanto para o externo.