A inflação pressionada deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar ainda mais a taxa básica de juros, mas os efeitos de fato sobre os aumentos de preços devem ser limitados, alertam economistas. "Quando você tem uma política fiscal contracionista, a política monetária não precisa ser tão contracionista como foi no passado. A discussão de qual vai ser a taxa de juros vai depender de o Congresso aprovar a política fiscal do Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda)", avaliou o professor Luiz Roberto Cunha, decano da PUC-Rio.
Na avaliação do economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, é importante que o Banco Central continue sinalizando para o mercado que ainda está comprometido em atuar para fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5% no ano. "Mas, de maneira prática, ele tem uma capacidade muito reduzida de fazer isso acontecer. O efeito desse aumento na taxa de juros sobre a inflação vai ser muito pouco. Talvez só convirja (para a meta) em 2017", disse o analista da RC.
Tanto Caparoz quando Cunha preveem que a taxa básica de juros, atualmente em 12,75% ao ano, chegue a 13,25%. No entanto, a elevação já ocorre em um cenário de demanda deprimida e atividade fraca. "Vai ter um custo muito alto, vai custar empregos, investimentos, crescimento do PIB. Mas a tendência é que dê aumento (da Selic) sim", afirmou Caparoz, que apoia a continuidade no ciclo de aperto, mas com cautela. "Acho que tem que ser prudente para não afundar a economia de vez", acrescentou.