Brasília – A temporada de más notícias para quem planeja viajar para o exterior parece ter dado uma pausa, ainda que breve. Após abrir a semana no maior patamar em mais de uma década, o dólar inverteu a tendência de alta e ontem fechou em queda de 0,82%. Mesmo com o recuo, a cotação ainda impressiona: R$ 3,104. O valor, no entanto, diz respeito apenas à taxa do dólar comercial, negociado por bancos e operadores do mercado financeiro. Quem planeja comprar moeda para viajar para fora do país terá de desembolsar quantia bem superior pelo dólar turismo, que, mesmo com a queda de ontem, ainda supera, facilmente, os R$ 3,25. Há casas de câmbio, porém, que chegam a cobrar até R$ 3,35.
Analistas acreditam que a tendência de alta, que já durava seis dias, ainda não pode ser descartada, apesar da queda. Isso porque, ainda ontem, a moeda abriu a sessão em alta, após o mercado encarar com surpresa a divulgação de dados mais fortes do que o esperado para a recuperação dos Estados Unidos. A aposta de muitos analistas é que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, poderá antecipar para de setembro para julho o início do aperto nos juros básicos, o que poderá levar a uma nova temporada de fortes oscilações nos mercados financeiros mundiais. A avaliação é de que, numa elevação nas taxas nos EUA, parte dos investidores que hoje mantêm negócios em países emergentes, como o Brasil, venderia esses ativos e voltaria as atenções para a maior economia do mundo. “Não há qualquer dúvida de que o cenário é mesmo de um aperto nos juros pelos EUA, o que produz estragos não só ao real, mas a qualquer moeda internacional. Vide o euro, que vem atingindo a mínima em 11 anos”, observou o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido.
Prova disso é que ontem, já no início do pregão brasileiro, o dólar abriu o dia em forte alta. O movimento foi tão intenso que, durante ainda pela manhã, a moeda norte-americana chegou a disparar mais de 1%, encostando no patamar recorde de R$ 3,173. Mas, durante a tarde, notícias de que o governo poderia agir mais pesadamente para segurar a alta da moeda fizeram o dólar inverter de posição. Em questão de instantes, a divisa despencou mais de 1%, caindo para a casa dos R$ 3,089, deixando o mercado ainda mais confuso. Tudo porque o Banco Central (BC) interveio na cotação, anunciando que poderia despejar mais dólares por meio de operações de venda no mercado futuro, os leilões de swaps. O economista da Guide Investimentos Ignacio Rey é enfático: a trajetória do dólar será definida pela ação do governo sobre o câmbio.