Para a diretora da Standard & Poors (S&P) para a América Latina, Regina Nunes, o que preocupa a agência de classificação de risco atualmente é a Petrobras e a Operação Lava-Jato, que investiga denúncias de corrupção dentro da estatal petrolífera. Em sua visão, a área de petróleo e gás hoje é a de maior risco para o país. Ela ponderou, no entanto, que também no setor de energético a S&P não contempla racionamento de energia.
De acordo com ela, nos encontros que uma missão da S&P teve com autoridades governamentais na semana passada aqui no Brasil, ficou claro que o governo está se empenhando para que o balanço da Petrobras seja publicado no tempo hábil. Segundo Regina, a não divulgação do balanço da Petrobras poderia acelerar um downgrade da empresa.
"Mas não temos razões para acreditar que a Petrobras não divulgará o balanço até junho", disse, acrescentando que a S&P acredita na publicação do balanço e não no aprofundamento da dívida. "O rating da Petrobras hoje (BBB-) não contempla a não divulgação do balanço. Claro que tudo pode mudar, mas hoje acreditamos que o balanço será publicado."
Regina disse ainda que, para efeito de rating, o Brasil pode se acomodar com um crescimento menor, desde que faça um sacrifício fiscal e melhore o perfil da sua dívida.
Para ela, se a equipe econômica vai conseguir entregar a meta de superávit primário na proporção de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 1% ou 0,8% não importa tanto se não houver à frente uma melhora do perfil da dívida. "Entregar a meta nominal de superávit primário não importa tanto. É preciso que haja sinalização de que o País terá condições de pagar ou reduzir sua dívida lá na frente", disse Regina, acrescentando que a agência seguirá monitorando a dinâmica da dívida brasileira.
Em evento realizado em São Paulo pelo Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças (Ibef), Regina afirmou que o Brasil tem gargalos de infraestrutura, por exemplo, que para serem resolvidos precisarão de investimentos que não virão se não for adotado um ajuste fiscal ortodoxo.
Sobre as reuniões que uma missão da S&P teve com o governo na semana passada, Regina disse que elas ocorrem com certa frequência. "Estas reuniões são comuns e não se esqueçam que o Brasil já teve upgrade e downgrade de seu rating sem que nossa equipe se reunisse com o governo", ressaltou Regina.