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Estado de Minas

Reservatórios de hidrelétricas em Minas aumentam o volume de água

Três Marias passa de 20% depois de um ano, mas situação ainda preocupa


postado em 13/03/2015 06:00 / atualizado em 13/03/2015 07:15

As águas de março trouxeram pingos de esperança a Minas Gerais. Depois de um ano operando com menos de 20% da sua capacidade, chegando a ter menos de 3%, um dos principais reservatórios de usinas hidrelétricas, o de Três Marias, no Rio São Francisco, alcançou ontem 20,32% de volume útil. As chuvas do mês fizeram com que a vazão afluente (quantidade de água que chega ao reservatório) mais que duplicasse, passando dos 440 metros cúbicos por segundo em 28 de fevereiro, para 1.120 metros cúbicos por segundo até ontem, um aumento de 172%. Em outubro do ano passado, período mais crítico para a represa, a vazão chegava a 38 metros cúbicos por segundo. Apesar de essa recuperação ser vista como um bom sinal para 2015, especialistas apontam que o volume de Três Marias ainda está aquém do ideal, assim como o das outras principais hidrelétricas do país. Em março de 2011, por exemplo, a capacidade da Três Marias era de 98,33%, ou seja, quatro vezes maior do que é hoje. A previsão da Cemig é de que, até o fim desta estação chuvosa, a capacidade da usina ultrapasse 30%.

A recuperação de Três Marias tem uma matemática simples. Enquanto há um aumento da entrada de água, a vazão defluente (quantidade de água que sai da represa ) está em seu menor nível histórico, em uma média de 80 metros cúbicos por segundo. Antes da estiagem que atingiu o país no ano passado, o que dava uma média de 120 metros cúbicos por segundo, o menor índice de vazão defluente tinha sido em 2001, durante o racionamento, quando a capacidade era de 300 metros cúbicos por segundo, conforme compara o gerente de planejamento da Cemig, Marcelo de Deus Melo. Em 1962, quando foi criada, a usina vinha com o objetivo de dar 500 metros cúbicos por segundo como vazão defluente.

Com a realidade atual, a hidrelétrica tem uma geração de 27 megawatts (de uma turbina), sendo que a sua capacidade instalada é de 396 megawatts. “Em questão de energia, ela não está representando nada para o que o Brasil precisaria agora. Mas, a água do reservatório tem outras importâncias. O montante serve para o turismo da região, aquicultura , lazer, irrigação e abastecimento humano”, aponta Marcelo. Ele diz que o volume útil atual é uma boa notícia para Minas. “A crise fez com que muitos usuários conseguissem se adaptar a um volume menor. Sabemos que seca ainda virá este ano, por isso, estamos com uma menor vazão defluente”, esclarece.

Mas essa equação, segundo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, pode ser ruim para os usuários a jusante, que precisam da água para irrigação, por exemplo. “Para quem precisa do montante, como é o caso do setor de navegação, a saída de pouca é água é interessante. Mas, as pessoas que estão depois da barragem estão vivendo o limite de suas atividades”, afirma. Na semana que vem, o assunto das hidrelétricas no país será discutido em reunião com a Agência Nacional de Águas (ANA) e um dos pontos será a vazão defluente em menor nível. Para Marcelo de Deus, da Cemig, a situação não cria problemas e não há motivos para reclamação. “Em Pirapora, no Norte de Minas, por exemplo, era preciso uma vazão defluente de 350 metros cúbicos por segundo, sendo que a prefeitura usava 1 metro cúbico por segundo. Eles correram atrás de uma solução e deu certo. A vazão menor é suficiente para a quantidade que precisam captar”, exemplifica.

Apesar da crítica, Anivaldo Miranda diz que o volume útil de 20,3% de Três Marias é um bom sinal de que é possível atravessar o ano de 2015 com tranquilidade. “A natureza está sinalizando isso. É claro que os 20,3% não são um volume ideal, que seria de cerca de 90%, mas é um indicativo de melhora. Temos que ver até onde vai o fôlego dessa recuperação”, comenta. Para Marcelo de Deus, a tendência, pelo menos neste período chuvoso, é de uma melhora crescente, ultrapassando, inclusive, 30% de volume útil. “Estamos em uma condição favorável, vamos dar conta de sobreviver no ano”, garante. Outra hidrelétrica que sofreu com a estiagem em Minas, a Camargos, está, segundo dados da Cemig, com 40,5% do volume útil, sendo que no mesmo período do ano passado, tinha 19,89%.

PERDAS
Nos últimos cincos anos, no mês de março, historicamente um período de chuvas, a hidrelétrica de Três Marias perdeu 56 pontos percentuais em volume útil. Em março de 2010, por exemplo, o reservatório contava com 76,35% da sua capacidade, mais de três vezes o volume útil registrado ontem. O mesmo ocorreu com outros reservatórios no estado. Ainda sem dados para o mês de março deste ano, o reservatório de Furnas, por exemplo, perdeu, 71 pontos percentuais em volume útil. Passando de 98,36% em 2010, para 27,27% em março do ano passado. Aos poucos, segundo mostram os números, as principais usinas estão aumentando o volume útil apesar de estarem, ainda, muito longe do que tiveram um dia.


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