São Paulo, 14 - A receita de uma das principais bases da economia brasileira, o setor agrícola, deverá despencar em 2015 de uma média de 12,1% na média dos últimos cinco anos para 2,5%. É o que mostra estudo desenvolvido pelo diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fábio Silveira.
Em valores, a expansão de 2,5% da receita agrícola esperada para este ano deverá perfazer um montante de R$ 330,1 bilhões. O crescimento será assegurado, basicamente, pelo ainda favorável desempenho da renda da sojicultura e cafeicultura. Para as demais culturas, de acordo com o diretor da GO Associados, a perspectiva é de relativa estabilização da receita de cana, milho, arroz, trigo e fumo, além de redução das rendas nos casos da laranja e algodão.
"Para este ano, espera-se que a receita das lavouras de soja tenha incremento de 12,6%, alcançando R$ 106,9 bilhões em resposta, sobretudo, à ampliação da colheita em 9,8% já que o preço médio do grão, no mercado interno, deve subir apenas 2,6%, em termos nominais", afirma Silveira.
No caso do café, a expectativa é de um acréscimo na renda da ordem de 8,7%, atingindo R$ 23,4 bilhões, como reflexo, sobretudo, da depreciação da moeda brasileira, já que a quantidade colhida do produto deverá ser equivalente à de 2014.
Nos últimos cinco anos, entre 2009 e 2014, de acordo com a GO Associados, a receita da agricultura apresentou elevação de 77% sustentada pela contribuição de soja, milho e cana-de-açúcar.
"Nesse período, as taxas de crescimento da receita dessas lavouras foram de, respectivamente, 112%, 108% e 75% e refletiu a valorização desses produtos em dólar nos mercados internacionais, decorrente, em boa medida, do expansionismo monetário praticado nos Estados Unidos", diz Silveira.
Também contribuíram para a expansão da receita da agricultura brasileira nos últimos cinco anos a expansão da demanda chinesa na esteira de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 50,4% ou 8,5% ao ano, em média.
A ampliação do consumo doméstico entre 2009 e 2014, que elevou em 36,7% (6,5% ao ano) foi outro vetor de crescimento da renda da agricultura naquele momento. Além de tudo isso, a receita da agricultura foi ainda beneficiada pela desvalorização do real, que se depreciou em 17,8% ou em 3,3%, em média ao ano.
Em 2015, no entanto, muito dos fatores que influenciaram na expansão da renda da agricultura nos últimos cinco anos não estão se repetindo. A China deve apresentar menor taxa de crescimento e o consumo doméstico brasileiro, por exemplo, deve encolher em relação à média anual dos últimos cinco anos.