Luciane Evans
Em meio à retração da economia, as construções menores e a um custo mais acessível para o cliente, com tíquete médio de até R$ 500 mil, serão a aposta dos empresários do setor neste ano, prevê a Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi). Balanço divulgado ontem pela instituição sobre o comportamento da atividade na capital mineira em 2014 mostrou que, no segmento residencial, houve reação importante das vendas. Prova disso é que 4.243 apartamentos novos foram ofertados, 30,2% a mais na comparação com 2013, e as vendas cresceram 3% no período. No volume geral dos negócios, contudo, o que inclui os imóveis comerciais e demais tipologias, houve uma redução de 14,97% nas vendas, que passaram de 8.164 em 2013 para 6.950 no ano passado.
Durante os anos de 2010 e 2011, no chamado boom imobiliário, foram colocados no mercado quase 20 mil apartamentos novos, o que gerou grandes estoques. Somente em 2010, havia na cidade 10.095 apartamentos estocados – número que foi se reduzindo com o passar do tempo. Agora, restam 4.320 . “Hoje está reduzido, mas está dentro da normalidade. Houve o boom e, agora, a volta ao normal”, comenta a responsável pela pesquisa e arquiteta Claudia Bocchile. Este ano, a expectativa para lançamentos é de uma redução de 15% a 20%. “Mas isso não é ruim. Com menor quantidade de lançamentos, estaremos reduzindo o estoque”, explica Cláudia.
Na pesquisa, o preço médio por metro quadrado em 2014 foi de R$ 5, 5 mil. “Pelo ritmo das vendas, se BH tivesse parado de construir unidades em fevereiro do ano passado, não haveria mais estoques este ano. Hoje, se não houvesse construções novas, em seis meses tudo que está ofertado já teria sido comprado. Em Betim e Contagem, na Grande BH, seriam necessários cinco meses para zerar o estoque”, explica.
Apesar da estabilidade no segmento, o presidente da CMI/Secovi, Otimar Bicalho, reconhece que o poder de compra do brasileiro está reduzido. “O financiamento da Caixa ficou mais rigoroso. Antes era de até 90% e hoje está em 80%. Os juros também subiram, aumentando em R$ 100 a R$ 200 a prestação e a renda familiar exigida para o crédito foi elevada em R$ 600”, afirma. Ele observa que a situação do mercado é bem diferente daquela dos anos de boom imobiliário. “Antes, não havia limites. Agora, se o empresário cobra R$ 500 mil por um apartamento, o banco vai exigir do comprador uma renda de R$ 10 mil, o que fica difícil. Por isso, o empresariado terá que se adaptar, oferecer apartamentos menores, com áreas mais reduzidas e tíquete médio dentro da realidade”, diz Bicalho.
Estabilidade
De acordo com a pesquisa feita pela CMI/Secovi-MG em parceria com a Geoimovel, no setor residencial, no ano passado, as vendas aumentaram de 5.387 unidades comercializadas em 2013 para 5.547 apartamentos. Em valor geral de vendas (VGV), os lançamentos em 2014 foram equivalentes a aproximadamente R$ 1,75 bilhão e as vendas efetivadas chegaram a cerca de R$ 2,5 bilhões.
As unidades com valor de R$ 300 mil e R$ 500 mil foram, em 2014, as que tiveram o maior volume de lançamentos, com 1.226 unidades. De acordo com Otimar Bicalho, o momento é propício para quem precisa e pode comprar um imóvel. Há, atualmente, 1.150 unidades remanescentes de 2013 e 2014 na cidade, que geram ao redor de R$ 535 milhões. Ele ressalta que os valores estão estáveis há seis meses e a previsão é de que, até o segundo semestre deste ano, continuem assim. “Quem precisa e pode dar uma entrada , a hora é agora. O comprador terá mais barganha de negociação”, diz.