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Estado de Minas

Presidente do Banco Central aposta no arrocho contra a inflação

Em palestra durante conferência organizada pelo Banco Goldman Sachs, Alexandre Tombini disse que medidas do governo vão conter reajuste dos preços


postado em 19/03/2015 00:12 / atualizado em 19/03/2015 07:24

O cenário econômico desfavorável deste ano não impedirá a inflação de voltar ao centro da meta em 2016, acredita o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em palestra ontem durante conferência organizada pelo Banco Goldman Sachs, em São Paulo, ele fez coro ao discurso do governo de que os ajustes atuais são “importantes e necessários”, e quis passar a ideia de que logo a situação vai melhorar.

Simultaneamente à divulgação de detalhes do comunicado do banco central dos Estados Unidos, indicando aumento de juros lento e gradual por lá, o tom otimista de Tombini por aqui ajudou a derrubar o dólar, que em uma hora chegou a cair 2%. No fim do pregão, a moeda norte-americana amenizou a forte queda e terminou cotada a R$ 3,214, um recuo de 0,52%. Na máxima do dia, bateu R$ 3,28.

Ao ler o discurso voltado para uma plateia de banqueiros e investidores, redigido em sete páginas, Tombini insistiu que a política monetária está e continuará vigilante. Ele gastou tempo detalhando o aumento de tarifas administradas para, a partir daí, avaliar que a alta mais forte do custo de vida se concentrará neste primeiro trimestre, abrindo margem para um arrefecimento dos preços a partir do início do ano que vem. Enquanto analistas consideram 2015 um ano perdido para a economia brasileira, o presidente do BC avaliou o momento atual como uma fase de transição, “de construção de bases mais sólidas para a retomada do crescimento econômico sustentável à frente”. Não à toa, Tombini se mostrou convencido de que é factível a convergência da inflação para o centro da meta – de 4,5% – em 2016. Este ano, o índice deve terminar entre 8% e 9%.

Ao defender e mesmo enaltecer o fortalecimento da política fiscal, o chefe da autoridade monetária fez questão de deixar claro que não o fazia pela primeira vez. “Como mencionei em outras oportunidades, entendo que um processo consistente e crível de consolidação de receitas e despesas, rigorosamente conduzido, facilita, ao longo do tempo, a convergência da inflação para o centro da meta”, insistiu. Em meio a incertezas quanto à concretização do arrocho fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o presidente do BC ponderou que “o amplo, profundo e consistente conjunto de medidas do governo federal” poderá contribuir para aumentar a potência da política monetária e, assim, combater a inflação com uma condição: “se adotado de forma completa e inequívoca”.

Tesoura O governo já definiu o corte no Orçamento de 2015, aprovado na noite de anteontem pelo Congresso Nacional. O número do arrocho que anda circulando pela Esplanada dos Ministérios é de algo em torno de R$ 60 bilhões. O valor será anunciado nos próximos 30 dias, somente após a sanção da presidente Dilma Rousseff. Fontes do governo afirmam que é necessário ainda avaliar o impacto do ajuste em cada ministério.

O contingenciamento do Orçamento foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aos representantes da agência de classificação de risco Fitch Ratings, como forma de tentar recuperar a credibilidade do governo e sua capacidade em equilibrar as contas públicas que andam em frangalhos. Os analistas da companhia norte-americana estiveram reunidos com Levy ontem. Hoje, a visita deverá ser ao Banco Central. Na avaliação da economista Monica Baumgarten de Bolle, diretora da consultoria Galanto/MBB, em Washington, um contingenciamento de R$ 60 bilhões não será suficiente para que agências como a Fitch acreditem que o governo brasileiro conseguirá equilibrar as contas públicas.


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