O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 7,7% nos últimos 12 meses até fevereiro, maior alta desde maio de 2005 (8,05%). Na Grande BH, a inflação oficial, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 6,64%. Desde o fim do ano passado, a família da advogada Isabella Pastore redimensionou o seu orçamento, e as primeiras despesas excluídas da nova era de austeridade foram do setor de serviços. Não por coincidência, é nesse segmento que estão os gastos que mais têm sacrificado a classe média.
Despesas com saúde, educação dos filhos e alimentação, principais gastos da família de Isabella Pastore, foram mantidas, mas os planos da academia, da TV por assinatura e da telefonia celular tiveram de ser renegociados para baratear as contas. Pela economia e pela ecologia, a família também reduziu o consumo de água e energia elétrica e a programação de férias para o exterior, neste ano, foi colocada em banho-maria, aguardando sinal mais claro dos rumos do dólar. A alimentação fora de casa também teve a frequência reduzida.
O retrato da carestia para as famílias com renda entre um e 40 salários mínimos no Brasil mostrado em fevereiro exibe as maiores pressões dos reajustes da gasolina, de 8,42%, das despesas com educação, que aumentaram 5,88%, e da conta de luz, 3,14% mais cara. No grupo das despesas pessoais, os destaques ficaram por conta da evolução dos gastos com excursões, de 6,93%, cabeleireiro (1,09%) e manicure (1,04%).
A advogada Isabella Pastore diz que, diante da turbulência, até medidas simples, como preparar em casa o lanche que os filhos levam para a escola, ganharam maior peso. “São medidas possíveis sem afetar o padrão socioeconômico.” Mãe de Franco, de 9 anos, e André, de 11, ela diz que discussões sobre educação financeira e o atual momento econômico do país passaram a fazer parte das conversas em família. “Meu filho mais novo notou que em pouco tempo o preço do salgado da lanchonete aumentou de R$ 3 para R$ 3,50 e comentou sobre a alta.”