Políticas que aumentem o custo da água para estimular a economia do recurso podem gerar injustiças, na opinião do pesquisador Léo Heller, relator especial das Nações Unidas (ONU) sobre água e esgotamento sanitário. Ele diz ser a favor do subsídio cruzado na cobrança da tarifa. “Que os mais ricos paguem mais e os mais pobres paguem menos, uma transferência interna no sistema de cobrança”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Heller nota que a maioria dos prestadores do serviço de água no Brasil pressupõe que a população mais pobre gasta menos água. Entretanto, nessa camada as famílias são mais numerosas, têm menos equipamentos domiciliares economizadores de água, e de outro lado a cobrança das empresas, que são grandes consumidores, têm descontos. No caso do modelo tarifário da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), por exemplo, há os Contratos de Demanda Firme, para fidelizar grandes consumidores, como shoppings, hotéis e indústrias, por meio de descontos. Ou seja, quem consome mais, paga menos.
Por esse modelo, de acordo com a tabela tarifária, quem consome de 500 a 1.000 m3 por mês paga R$ 11,67 por metro cúbico. Acima de 40 mil m3, o valor é R$ 7,72. Para clientes comuns, a tarifa industrial e comercial para a maior faixa de consumo (acima de 50 mil m3) é R$ 13,97, sendo maior que nos dois casos anteriores.
Na última sexta-feira, a organização não governamental Greenpeace lançou uma campanha contra os descontos da Sabesp a grandes empresas.