A moeda nacional é o real, mas o dólar norte-americano tem muita influência no custo de vida dos brasileiros. Não à toa, a forte valorização da divisa dos Estados Unidos está tirando o sono dos consumidores. Quando convertido em dólar, o salário mínimo de R$ 788 caiu quase US$ 50 desde o início do ano. Em janeiro, o piso salarial era de US$ 297. Agora, está em US$ 250. Ontem, o dólar comercial fechou em baixa, a R$ 3,145. A queda foi de 2,63%. Ainda assim, não representa grande alívio para aqueles que sobrevivem com o salário mínimo. “Você percebeu como os preços dos alimentos subiram muito? Eu parei de comprar carne na mesma quantidade de antes. Troquei pelo ovo. Queria fazer o reboco de minha casa, mas não dá porque o dinheiro está em falta”, desabafa Lílian Araújo de Oliveira, que ficou desempregada há poucos meses e recebe R$ 788 em cada uma das parcelas do seguro-desemprego. Ela não poupa críticas à inflação impulsionada pelo dólar e por outros custos no país. Como não consegue fugir da carestia, ela está fazendo um curso para aprender a cuidar de idosos e tentar ampliar sua renda.
PESO NO BOLSO O desabafo dela encontra fundamento em indicadores divulgados pelo próprio governo, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país. O indicador fechou o acumulado dos últimos 12 meses, encerrado em março, com avanço de 7,9%, superando muito o centro da meta da inflação estipulado pelo governo para 2015 (4,5%) e distanciando-se do teto da meta (6,5%) para o mesmo exercício.
O sócio da DXI Planejamento Financeiro, o economista Felipe Chad destaca que “a alta do dólar pressiona – e muito – a inflação”. Para ele, este será um ano muito difícil para os consumidores, principalmente para as famílias que vivem com apenas um salário mínimo. O tombo de quase US$ 50 em pouco mais que dois meses foi maior do que o ocorrido no espaço de um ano. Em janeiro do ano passado, o rendimento da maioria dos brasileiros estava cotado a US$ 306 e, um ano antes, atingiu US$ 334.