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Estado de Minas

Sem ajuste fiscal, Brasil pode ser rebaixado, afirma Standard & Poor's

Selo de bom pagador confirmado pela agência ainda depende da capacidade do governo de equilibrar as contas


postado em 25/03/2015 00:12 / atualizado em 25/03/2015 07:25

A Standard & Poor’s (S&P) pode rebaixar a nota de crédito soberano do Brasil caso o país se afaste do compromisso de ajustar as contas públicas, disse, ontem, Lisa Schineller, diretora de ratings soberanos para a América Latina da agência norte-americana de classificação de risco. Segundo ela, a execução de políticas fiscais do Brasil será crucial para a manutenção do grau de investimento, que considera o país como um local de baixo risco para receber capitais externos.

Na segunda-feira, a S&P manteve a nota do Brasil em BBB-, com perspectiva estável, apesar do cenário desafiador da economia. Para justificar a decisão, a agência informou confiar na continuidade do apoio da presidente Dilma Rousseff às medidas de ajuste e à mudança de rumo na condução da política econômica no segundo mandato. A agência considerou também que o Congresso deve dar suporte ao programa fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Em teleconferência, ontem, com analistas, Schineller explicou que a manutenção do rating brasileiro pressupõe que a correção da política econômica será mantida e executada. Ela destacou que 80% do ajuste fiscal dependem de medidas que podem ser tomadas apenas na esfera do Executivo, sem a necessidade de negociações com o Congresso.

O governo se comprometeu neste ano a alcançar um superávit primário (economia para garantir o pagamento dos juros da dívida) de R$ 66,3 bilhões nas contas do setor público consolidado – União, estados, municípios e empresas estatais –, o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Lisa Schineller não disse se espera o cumprimento exato da meta, mas afirmou que vai analisar mês a mês a execução da meta e acompanhar de perto as discussões no parlamento.

Se perder o grau de investimento e passar a ser enquadrado na categoria de risco especulativo, o país terá que pagar juros mais altos para obter financiamentos, pois instituições financeiras ajustam suas taxas de acordo com o perfil dos clientes. Além disso, ficaria privado de receber recursos de grandes fundos de investimento que são proibidos pelos seus estatutos de aplicar em países que não sejam considerados bons pagadores. Entre as grandes agências, além da S&P, o Brasil tem grau de investimento conferido pela Moody’s e pela Fitch.

Petrobras A S&P poderá revisar o rating da Petrobras, caso ela não consiga publicar seus resultados auditados até o fim de abril, afirmou Lisa Schineller. Na segunda-feira, a agência manteve em BBB- a nota corporativa da estatal, mas colocou-a em perspectiva negativa. Já perfil de crédito individual da companhia foi rebaixado em um degrau, devido ao endividamento e à previsão de menor geração de caixa da petroleira.


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