Com os aumentos dos preços administrados (gasolina e energia elétrica) e a alta do dólar, o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) saltou de 0,25% em fevereiro para 0,98% este mês, segundo informou nessa segunda-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar da alta, o indicador está abaixo do 1,67% registrado em março do ano passado. No ano, o índice utilizado como base de cálculo em renovações de contrato de aluguel acumula alta de 2,03%. Já em 12 meses, a taxa chega a 3,16%.
Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV André Braz, a pressão dos preços administrados deve ceder a partir de agora. “O IGP-M de abril de 2015 deve ter uma taxa similar à de abril de 2014, quando foi de 0,78%”, projetou. Segundo Braz, as bandeiras tarifárias e o aumento nas tarifas de ônibus, a alta no preço da gasolina e o aumento dos custos de energia pressionaram de forma significativa o IPC em janeiro, fevereiro e março, respectivamente.
“Em abril, não deve haver uma pressão tão grande de preços administrados no IPC, e esse movimento deve ser fundamental”, afirma Braz. O economista do Ibre destaca o caso da tarifa de energia elétrica, que acumula alta de 29,97% no primeiro trimestre do ano. Ele estima que, diluída ao longo dos próximos nove meses, deve haver uma elevação da mesma magnitude. “A energia elétrica merece o posto de grande vilã da inflação em 2015”, comentou, ao projetar que a alta no preço da energia elétrica pode chegar a 60% em 2015.
No âmbito do IPC de março, o item energia acelerou de 3,68% para 16,84% na passagem de fevereiro para março, sendo o principal item de influência de alta. “Se excluísse o item energia do grupo habitação, a alta teria sido de 1,01% (e não de 2,93%), apresentando até desaceleração ante a variação de 1,19% de fevereiro”, ressaltou.
Impacto
Os itens que mais foram influenciados pelo câmbio em março foram os materiais de limpeza (de 0,73% para 0,81%) e equipamentos eletrônicos, como celulares e notebooks (de -0,24% para 0,52%). “O efeito do câmbio aqui é mais tímido, sinalizando que a valorização do dólar ainda não chegou à ponta da cadeia produtiva”, ponderou Braz. Ele destacou também as altas de hortaliças e legumes e de laticínios pressionando o grupo alimentação. “Neste ponto, existe um pouco da pressão do câmbio e outra parte é consequência da entressafra de alguns produtos”, disse.
Os itens que mais foram influenciados pela alta do dólar foram os panificados, devido ao trigo e ao óleo de soja. A desaceleração do grupo de Transportes limitou a alta do IPC na passagem de fevereiro para março e o alívio só não foi maior devido à aceleração dos preços da gasolina. Na margem, a taxa passou de 4,25% para 5,13% e, no ano, o avanço acumulado é de 9,16%. Braz estima que em abril deve haver uma interrupção das altas. “o IPC do mês que vem deve ficar em 0,70%, sendo que em abril de 2014 foi de 0,82%”, estimou.