O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que pretende fazer ajuste fiscal sem imposto novo. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que começou com 17 minutos de atraso, o chefe da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff aproveitou a ocasião para defender suas iniciativas para "reverter a deterioração fiscal".
Vale lembrar que o ministro herdou um rombo de R$ 32,5 bilhões das contas do setor público em 2014 e ainda mais de R$ 227 bilhões de restos a pagar do primeiro mandato de Dilma. Levy prometeu entregar neste ano um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 66,3 bilhões. Segundo ele, a presidente Dilma "tem feito um trabalho incansável" e garantiu que o arrocho não virá com impostos novos.
"Não estamos criando imposto novo, e sim diminuindo a capacidade de renúncias que foram feitas no cenário anticíclico", disse ele, explicando as medidas enviadas ao Congresso Nacional como a mudança das alíquotas das contribuições das empresas dos 56 setores beneficiados pela desoneração da folha. Essa proposta reenviada como projeto de lei eleva de 1% e 2% para 2,5% para 4,5%, sem dar sinais de querer flexibilizá-las. "Quem não gostar, e se sentir constrangida, pode voltar para o regime antigo e reduz o custo de um programa e fortalece a Previdência Social", disse ele informando que o custo da desoneração da folha este ano será de R$ 25 bilhões.
O ministro destacou que o país não precisa somente do ajuste, mas de uma "recalibrada na economia" e que o processo é de transição. "Temos que fazer a reorientação da economia para o novo ciclo das comodities. Temos que focar para fazer isso (o ajuste) com o mínimo de custo e máxima presteza para garantir a segurança e a competitividade na economia. Vivemos num mundo competitivo não podemos ficar parados. Ficar parado é ficar para trás", afirmou Levy que declarou ter " muita confiança na economia brasileira".
Tumulto
Em meio a um tumulto provocado por seguranças do Senado que não deixavam os jornalistas aguardarem a chegada do chefe da equipe econômica da presidente Dilma, Levy chegou pela entrada dos fundos e driblou cinegrafistas posicionados para a entrada no corredor principal. Antes do início da sessão, houve um princípio de tumulto na sala da comissão devido ao grande número de pessoas. A grosseria dos seguranças foi atípica e o pessoal da CAE colocou telões em outras duas salas para transmitir a audiência para os que não cabiam na sala principal.