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Estado de Minas

Shell fortalece sua presença no pré-sal

Ao adquirir a britânica BG, companhia anglo-holandesa se tornou maior sócia da Petrobras em campos promissores


postado em 09/04/2015 06:00 / atualizado em 09/04/2015 07:32

Rio de Janeiro – A compra, por US$ 70 bilhões, da petroleira britânica BG deu à Shell a condição de principal sócia da Petrobras na exploração e no desenvolvimento dos campos do pré-sal, maior destino dos investimentos da companhia brasileira. A empresa anglo-holandesa oficializou uma proposta de compra da BG por 47 bilhões de libras, segundo anúncio feito ontem pelas duas companhias em comunicado conjunto. O negócio é a primeira grande aquisição no setor de energia desde junho do ano passado, início do período de queda dos preços do petróleo.

A fusão diminui a diferença da Shell no ranking mundial para a líder do setor, a norte-americana ExxonMobil, A BG se tornou importante sócia da Petrobras, com participação minoritária em cinco áreas do pré-sal na Bacia de Santos (os campos Lula, Iracema, Sapinhoá, Iara e Lapa). As reservas de Lula e Sapinhoá estão em fase de produção. A petroleira obteve, em fevereiro, 109 mil barris ao dia, volume que a coloca como a segunda maior produtora do país, atrás apenas da estatal brasileira, que extraiu 2,046 milhões de barris ao dia, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A empresa britânica atua em uma área chamada Parque das Conchas, que reúne campos do pós-sal (acima da camada de sal que delimita o pré-sal) da Bacia de Campos. É, ainda, sócia do consórcio vencedor para a exploração do campo de Libra, leiloado no fim de 2013.A BG detém 20% da reserva, adquirida por R$ 15 bilhões em parceria com a Petrobras, dona de 40%; a francesa Total (20%) e as chinesas CNPC (10%) e CNOOC (10%).

A Shell, por sua vez, é a terceira maior produtora, com extração, em fevereiro, de 43,3 mil barris ao dia. Para analistas do setor, a Shell do Brasil ganha com o negócio ao incorporar reservas de qualidade e com potencial de crescimento. Encontrado durante a descoberta de Tupi, o campo de Lula é considerado o mais relevante do pré-sal anunciado pela Petrobras na década passada, naquele momento, com estimativa de recuperação de volumes de 5 a 8 bilhões de barris.

Mapa da produção No comunicado emitido pela Shell e a BG, o potencial de produção conjunta com a fusão passa de 52 mil barris ao dia (volume que inclui a extração de gás) em 2014 para estimados 550 mil barris ao dia depois de dez anos.

A Petrobras, em seu último plano de negócios, previa a meta de produção de 4,2 milhões de barris ao dia em 2020. Com a crise da empresa e a redução de investimentos, todo o plano está sob revisão e é provável que essa estimativa seja revisada para baixo, segundo analistas do setor. O negócio entre Shell e BG depende ainda da aprovação de órgãos reguladores do Reino Unido e do Brasil, como a ANP e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A despeito do valor dos ativos brasileiros da BG, as metas de produção da Petrobras podem sofrer consequências do escândalo financeiro que envolve os contratos da estatal. A produção da Shell alcança 43,012 mil barris de petróleo por dia no Brasil, no Parque das Conchas e nos campos de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos. Recentemente, a companhia anunciou que se desfez da participação de 80% dos campos de Bijupirá e Salema. O ativo foi repassado à brasileira PetroRio por US$ 150 milhões.


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