Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) revisaram suas projeções para a economia neste ano e esperam IPCA em torno de 8,5%, mesmo com o Produto Interno Bruto (PIB) caindo 1,2%. Segundo Salomão Quadros, superintendente adjunto da Superintendência de Preços do Ibre/FGV, a forte alta do dólar é a principal novidade do cenário para a inflação nestes primeiros meses do ano.
Tanto que Quadros apresentou duas projeções para o IPCA neste ano, em seminário sobre a conjuntura econômica que ocorre nesta segunda-feira, 13, no Rio. A FGV projeta IPCA de 8,4%, com câmbio encerrando o ano a R$ 3,25, e 8,6%, com câmbio encerrando o ano a R$ 3,40. "Houve mudança no ritmo da desvalorização cambial e isso certamente modificou a maneira como a inflação futura é percebida", afirmou Quadros.
O pesquisador destacou que, desde o início do ano, houve forte revisão nas projeções médias coletadas pelo Boletim Focus, compilação do Banco Central (BC). Segundo Quadros, as médias para o IPCA estavam ligeiramente acima de 6,5% no início do ano e, agora, estão um pouco acima de 8,0%. A rapidez e o montante das revisões são maiores do que em outros anos.
O Ibre/FGV apresentou também projeções para outros indicadores macroeconômicos. A retração de 1,2% do PIB será marcada por queda de 5,2% no PIB da indústria de transformação, recuo de 0,6% no consumo das famílias e baixa de 0,2% no setor de serviços.
Como resultado, o superávit fiscal primário ficaria em 0,7% do PIB, aquém do 1,2% fixado como meta pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo Silvia Matos, pesquisadora do Ibre/FGV e coordenadora do Boletim Macro, publicado pela instituição, a recessão na economia e as dificuldades para aprovar medidas no Congresso Nacional são os principais responsáveis pela frustração na meta. "Mesmo não conseguindo atingir a meta, esse cenário é muito bom e factível", afirmou Silvia, após destacar que as contas públicas registraram déficit em 2014.
Os pesquisadores do Ibre/FGV também projetam aumento do desemprego. Pela metodologia da Pesquisa Mensal de Emprego (PME, restrita às regiões metropolitanas), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego chegaria a 6,2% (ante 4,8% em 2014). Pela metodologia da Pnad Contínua (também do IBGE, que pega todo o País), chegaria a 7,7%, ante 6,2%. Com isso, a renda teria uma contração de 0,6%, ante alta de 2,7% ano passado.