O comércio dá sinais da "asfixia" no orçamento das famílias e as vendas não devem melhorar antes de 2016, afirmou o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Diante do fraco desempenho exibido nos resultados anunciados nesta terça-feira, a entidade revisou sua projeção para o varejo restrito para alta de 0,3%, com viés de baixa. "Definitivamente não descartamos um dado negativo para 2015, e certamente será o pior ano desde 2003", afirmou.
Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma queda de 3,1% nas vendas do varejo restrito (sem veículos e material de construção) em fevereiro ante igual mês do ano passado. Foi o pior resultado para um fevereiro desde 2001. Na avaliação do economista da CNC, o dado é fruto da maior cautela das famílias.
"Há uma asfixia do orçamento e o consumidor mostrou mudança no comportamento histórico ao puxar o freio de mão de maneira prudente para não se endividar ou ficar inadimplente no futuro", definiu Bentes.
"Além disso, o consumidor tem dúvidas sobre o emprego. O mercado de trabalho demora para piorar, mas, quando piora, demora para melhorar", acrescentou o economista da CNC. Nos dois primeiros meses de 2015, o desemprego aumentou em ritmo maior do que o observado normalmente nesta época, caracterizada pela dispensa de temporários. A taxa ficou em 7,4% no trimestre até fevereiro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
O consumo está tão fragilizado que não há condições de recuperação ainda neste ano, afirmou Bentes. Dessa forma, a contribuição da atividade para o Produto Interno Bruto (PIB) também deve ser negativa. O economista projeta retração da economia entre 1% e 1,5% neste ano.