Londres, 15 - A Petrobras conseguiu algum alívio financeiro recentemente com o aumento do dinheiro em caixa. A avaliação consta do relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgado na manhã desta quarta-feira, 15. "Continuando a lidar com os problemas jurídicos, a Petrobras viu algum alívio recentemente quando conseguiu aumentar os fundos tão necessários", diz o relatório. A agência nota, no entanto, que os desafios da empresa continuam com a necessidade de divulgar balanço ou a estatal terá de quitar US$ 60 bilhões em títulos de dívida que vencem adiante.
A Petrobras ocupa boa parte do trecho dedicado ao Brasil do relatório mensal da AIE. A agência reconhece que a estatal conseguiu melhorar a situação do caixa com o início da venda de ativos. "Como parte do plano de desinvestimento, a Petrobras vendeu grande parte dos ativos de produção na Argentina estimados em US$ 101 milhões", diz o relatório. Os ativos negociados pela Petrobras ficam na província de Santa Cruz.
"Uma boia de salvação adicional para a Petrobras veio na forma de um empréstimo de
US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China, um negócio assinado como parte de um acordo de cooperação de dois anos entre as duas entidades", diz o relatório da AIE. "Os recursos chegam à Petrobras em um período em que a investigação sobre a corrupção eliminou o acesso ao mercado internacional de dívida e a empresa precisa de dinheiro para continuar as operações".
Mesmo com esse alívio no caixa da empresa, a agência ainda tem prognóstico pessimista para a companhia brasileira. "A Petrobras irá enfrentar um período difícil pela frente: a empresa mais pesadamente endividada do mundo tem até o fim de abril para publicar o balanço auditado do ano ou haverá o risco acelerado de pagamento de mais de US$ 60 bilhões em títulos". A necessidade de pagamento da dívida pode surgir caso a estatal não publique balanço, o que manteria fechado o acesso aos mercados.
Não bastassem os problemas administrativos e financeiros, a agência chama atenção para as dificuldades operacionais. A AIE nota que a produção da plataforma P-58 foi interrompida para manutenção preventiva apenas um ano após o início dos trabalhos. O desligamento dessa instalação afetará a produção total do Brasil neste ano e ainda não está claro quando a P-58 poderá voltar a funcionar, diz o relatório.