A declaração que o Brasil apresenta na plenária deste sábado, do Comitê Monetário Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que dá as diretrizes políticas para o Fundo Monetário Internacional (FMI), assinada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirma que o país adotou um conjunto de medidas para restaurar o equilíbrio fiscal e preparar a economia para um novo ciclo de crescimento e investimento, de acordo com a declaração, que como de praxe é divulgada um dia antes da reunião.
O ministro afirma que o Brasil está comprometido com uma "reversão rápida" na situação fiscal em direção a indicadores de endividamento mais estáveis e "eventualmente declinantes". "O ano atual é um ano de transição para a economia brasileira", afirma Levy no documento.
"Estas políticas (adotadas este ano no Brasil) levam em conta um cenário de incerteza para a recuperação da economia global", destaca Levy na declaração, ressaltando também a necessidade de ajustes na política fiscal e retirar medidas contracíclicas adotadas para lidar com o fim do ciclo de alta dos preços das commodities.
"O equilíbrio fiscal é condição necessária para a retomada do crescimento, mas mais precisa ser feito", afirma Levy. O documento menciona ainda que a equipe econômica está trabalhando com o Congresso em uma "ampla agenda de mudanças estruturais" para melhorar o clima de negócios, aumentar a produtividade e estimular o investimento. A agenda de reformas, afirma Levy, tem como objetivo proteger os ganhos sociais da última década e reforçar a classe média.
Ainda no texto, Levy cita preocupações em dar uma nova dinâmica ao mercado de capital e estimular o investimento de longo prazo em infraestrutura. Em um debate na manhã desta sexta-feira, durante a reunião de primavera do FMI, Levy ressaltou a importância de o setor privado participar do financiamento ao investimento em infraestrutura.
Juros dos EUA
O processo de normalização da política monetária nos Estados Unidos deve gerar uma nova onda de apreciação do dólar e aumentar o movimento de capital especulativo, na visão de Levy, conforme declaração que o Brasil apresentará na plenária deste sábado, do IMFC.
Levy colocará que a recuperação econômica dos Estados Unidos continua liderada pela expansão dos investimentos, produção industrial e aumento gradual do consumo. Esse ambiente permite um crescimento da economia norte-americana acima do potencial. Além disso, a inflação, excluindo o comportamento da energia, se aproxima da meta do Fed (banco central dos EUA). "O cenário reforça a visão de uma possível reversão da política monetária seguida nos últimos anos", apontará o ministro.
Nos últimos 12 meses, o dólar teve alta real de 20% contra o euro, de 12,7% contra a libra e 17,5% contra o iene. "Se o atual nível da taxa real de câmbio for mantida, ou se o dólar se apreciar mais, a queda nas exportações líquidas pode eliminar uma importante parte do crescimento dos EUA nos próximos anos", dirá Levy.
Na avaliação da Fazenda, o processo de alta nos juros norte-americanos pode levar a um aumento dos movimentos de capital especulativo de curto prazo, com potencial efeito adverso sobre os emergentes. Além disso, a divergência de política monetária entre os Estados Unidos, de um lado, e a zona do euro e o Japão, do outro, pode ter um impacto significativo para os países em desenvolvimento.