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Estado de Minas

Levy vê confiança no arrocho fiscal

Em debate no encerramento do encontro do FMI, ministro diz que país toma decisões difíceis para retomar crescimento


postado em 20/04/2015 06:00 / atualizado em 20/04/2015 09:23

Washington – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou ontem, em um debate no Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre política fiscal, que o Brasil está tomando decisões difíceis e fazendo um arrocho das contas públicas de modo a garantir uma base para o crescimento. “O Brasil está tomando decisões difíceis porque as pessoas confiam. Tivemos que colocar o ajuste fiscal em prática de modo que você tenha uma base sólida para alcançar o crescimento. As pessoas entenderam isso, o Congresso entendeu. Há legitimidade, há transparência”, afirmou o ministro.


O ministro destacou ainda o peso da inflação e do descontrole das contas públicas sobre a população. “Muitas vezes, as pessoas pobres pagam um preço alto por um alto déficit – pela inflação ou pela política fiscal”, disse o ministro respondendo uma pergunta da plateia sobre os efeitos da política fiscal para os mais pobres. “Ter uma responsabilidade fiscal é muito bom, uma proteção para as pessoas pobres”, acrescentou.


Levy lembrou que, no pós-crise financeira de 2008, o Brasil tomou medidas anticíclicas que, em seguida, se esgotaram. “O país mudou para políticas menos acomodatícias”, disse durante o debate. O ministro ressaltou a necessidade de os fundos de pensão investirem mais em ativos reais e não apenas em dívida. E muitos desses ativos reais podem estar no exterior, disse o ministro, ressaltando também o papel do mercado de capitais de mobilizar recursos para financiar a infraestrutura.


Dívida No debate, o ministro da Fazenda lembrou que a dívida bruta caiu no Brasil nos últimos dez anos, para abaixo de 60%, enquanto subiu na Europa para acima de 80%. “A dívida é útil. O segredo é que seja bem administrada e sustentável”, disse. Levy falou no debate de encerramento da reunião de primavera do FMI, em um painel que também contou com a participação da diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde.


“É uma coisa ruim ter dívida? Depende da natureza dessa dívida”, afirmou Lagarde, destacando que há significativos efeitos colaterais em se ter um déficit elevado. O Brasil construiu um arcabouço fiscal que impediu um aumento da dívida do governo, disse Levy, citando a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Em alguns lugares (da economia mundial), esse arcabouço não foi forte o suficiente ou o choque foi muito grande”, destacou.


Segundo Levy, o déficit fiscal precisa ser do tamanho certo para que transmita confiança. Ainda de acordo com ele, uma dívida bem administrada e sustentável pode ajudar a estabilizar o sistema financeiro. “Se você explicar para a sociedade o que é a dívida, porque não deve ir além de certos limites, você pode ter sucesso”, disse ele, ao frisar que uma coisa positiva sobre o Brasil nos últimos anos foi o fato de o país não ter bolha imobiliária.


Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o Brasil está dando continuidade ao fortalecimento do arcabouço de políticas econômicas na preparação para o momento em que os Estados Unidos elevarem os juros. Essa foi uma das mensagens que Tombini deu a investidores e economistas durante os encontros da reunião de primavera do FMI, que terminou ontem, de acordo com informações da assessoria de imprensa do BC.

InflaçãoUm dos pontos para o fortalecimento do arcabouço de política econômica é a ancoragem das expectativas de inflação, ressalta o BC. Tombini deixou claro nos encontros que a intenção é que a inflação possa convergir para a meta oficial de 4,5% em dezembro de 2016. Tombini ficou três dias em Washington e se reuniu nesse período com um conjunto de 150 pessoas, entre investidores estrangeiros e brasileiros e reuniões bilaterais. O último encontro foi ontem, com o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner.


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