O balanço da Petrobras foi aprovado pelos auditores independentes da PwC sem ressalvas, na noite desta quarta-feira. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, e sete diretores da estatal se reuniram para anunciar o documento, que será arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Petrobras registrou prejuízo de R$ 21,58 bilhões no ano de 2014, e em 2013, a companhia havia reportado lucro de R$ 3,08 bilhões. O balanço da estatal apresentou ainda perdas de R$ 6,194 bilhões com corrupção, em contratos da estatal com empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, entre 2004 e abril de 2012.
Dos R$ 6,2 bilhões em perdas com corrupção, 55% ocorreu na área de abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, com baixa de R$ 3,326 bilhões. Gás e Energia respondeu por R$ 637 milhões das perdas. As áreas de Distribuição e Internacional tiveram baixas de R$ 23 milhões cada uma, ao passo que o Corporativo da companhia teve perda de R$ 99 milhões.
O presidente da Petrobras declarou que a divulgação do balanço determina a retomada do crescimento da estatal. "A partir daqui a Petrobras volta a garantir normalidade dos seus funcionamentos com investidores, acionistas e credores no Brasil e no exterior”, disse. Ainda segundo ele, a empresa petrolífera não vai “entrar em marcha-ré” e creditou ao quadro de funcionários a retomada do crescimento da empresa.
Sobre as investigações da Operação Lava-Jato, que investiga irregularidades em contratos da empresa, o presidente da estatal afirmou que "não consegue identificar especificamente os valores de cada pagamento realizado no escopo dos contratos com as empreiteiras e fornecedores que possuem gastos adicionais ou os períodos em que tais pagamentos adicionais ocorreram”.
Ainda durante a apresentação dos dados, o gerente executivo de desempenho da Petrobras, Mario Jorge Silva, informou durante o detalhamento de dados que os R$ 6,2 bilhões são o total de contratos, que foram capitalizados “indevidamente” devido a Operação Lava-Jato. “A companhia, ao contratar empresas membro desse cartel alvos da investigação pagou por aquele ativo recursos que não foram utilizados para a constituição do mesmo. Portanto, esse valor deve ser baixado”.
A Petrobras informou que o balanço considera uma perda de R$ 44,63 bilhões por causa da desvalorização de ativos no período, o chamado "impairment". Desse montante, R$ 30,9 bilhões foram gerados pela avaliação dos projetos do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O montante ainda é inferior aos R$ 88,6 bilhões divulgados em janeiro deste ano, quando a estatal apresentou uma forte retração no valor justo dos ativos contabilizados no ativo imobilizado. Em janeiro passado, a Petrobras divulgou o balanço referente ao terceiro trimestre de 2014, mas sem incorporar perdas relacionadas à investigação em andamento na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Outro dado de destaque no balanço trata da desvalorização do preço internacional do petróleo, que provocou perdas de R$ 10 bilhões na exploração e produção do combustível fóssil e gás natural. Já a reducação na demanda e nas margens do segmento petroquímico, segundo o balanço, resultaram em perdas de R$ 2,9 bilhões.
Cálculo de prejuízos sobre contratos
A Petrobras divulgou ainda que aplicou o percentual fixo de 3% sobre o valor dos contratos analisados. A referência para estabelecer essa medida teria sido os depoimentos da Operação Lava-Jato. A estatal informou que listou todas as empresas citadas nas investigações da operação e identificou os contratos assinados com os terceiros e os ativos relacionados a estes contratos.