Os bancos brasileiros são propensos a ver a qualidade dos seus ativos se deteriorar à medida que uma parcela maior de seus empréstimos se tornam inadimplentes, avalia um relatório da agência de classificação de risco Moody's divulgado nesta quinta-feira. No entanto, a agência pondera que a maioria das instituições tem capital suficiente para lidar com os custos de provisionamento mais elevados que possam surgir.
Na análise, que levou em conta 42 bancos brasileiros, a Moody's avalia que os grandes bancos privados estão, geralmente, bem preparados para uma deterioração na qualidade de seus ativos, enquanto os riscos são maiores para as instituições médias e estatais.
"Os bancos de dimensão média são mais sensíveis por causa da sua capacidade de renda limitada e seu núcleo de negócios concentrado na concessão de empréstimos de pequenas empresas, o que tende a deixá-los mais expostos a crises econômicas", escreveu Ceres Lisboa, vice-presidente da Moody's. "Os bancos públicos, que cresceram rapidamente nos últimos anos, podem ver os custos do crédito excederem os seus lucros em 2015 à medida que o crescimento econômico se desacelera e o porcentual de inadimplentes aumenta."
Segundo a Moody's, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, no entanto, têm reservas suficientes para compensar os riscos, apesar de ganhos mais limitados quando comparados aos grandes credores privados.
Sob o cenário de estresse explorado no relatório, com despesas de provisionamento 26% maiores em 2015 do que em 2014, os dois maiores bancos privados iriam experimentar perdas, o que ocorreria também em bancos de médio porte e quatro bancos públicos.
A maioria dos grandes bancos privados tem rendimentos suficientes para absorver qualquer aumento inesperado nos gastos de provisionamento, diz a Moody's. No entanto, pondera a agência, os bancos HSBC Brasil e Citibank devem relatar perdas em um cenário de estresse.