O setor hoteleiro de Belo Horizonte sofre uma intensa crise, quase dois anos depois da Copa das Confederações no Brasil, quando a cidade ganhou novos empreendimentos para atender o evento esportivo e a Copa do Mundo 2014. Em audiência pública, realizada na manhã desta sexta-feira, a Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) discutiu a situação do setor. O aumento da oferta sem mudanças na demanda hoteleira teriam dado prejuízo a investidores que construíram hotéis em BH.
Nos últimos dois anos, houve um aumento de 70% do número de quartos disponíveis na capital mineira, de acordo com a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - Minas Gerais (ABIH-MG), Patrícia Coutinho. Os novos empreendimentos foram, em sua maioria, beneficiados por uma série de incentivos oferecido pela Lei municipal 9.952, de 2010, e por facilitações oferecidas pela prefeitura. Foram, de acordo com Coutinho, 83 alvarás de construção nos últimos dois anos e hoje teríamos 13.500 quartos disponíveis. A aumenta da oferta teria reduzido em 30% a taxa de ocupação.
De acordo com dados da Federação dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Minas Gerais (Fhoremg), citados no requerimento parlamentar, a ocupação média dos hotéis na capital mineira, no início do ano, ficou entre 20% e 25%. Essa baixa ocupação já provocou o fechamento de quatro empreendimentos, com a perda de 500 postos de trabalho, segundo informações da seção mineira da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih-MG).
A expansão da rede hoteleira em função da Copa do Mundo é a principal explicação para essa crise. “Belo Horizonte foi a cidade que mais construiu hotéis para atender o público da Copa”, afirma o deputado Roberto Andrade. A cidade apresentava uma carência de quartos antes do evento, mas a situação agora se inverteu. Entre as questões debatidas, estavam a tarifação de água e energia para o setor e providências para estimular o turismo de negócios e eventos.
Coutinho apresentou uma série de sugestões para amenizar a crise do setor. Enquadrar os hotéis como indústria e, assim, oferecer um regime especial de cobrança de ICMS sobre luz e água foi uma das sugestões. Ela também pediu isenção de impostos municipais, como ISS e IPTU, em alguns casos. Outra sugestão é para que fossem suspensas até 2020 a construção de novas unidades hoteleiras. Por fim, ela falou da importância da criação de uma política de atração de eventos para Belo Horizonte, da construção de um grande centro de convenções municipal e da ampliação do Expominas. Segundo os participantes da audiência pública, investir para fortalecer o turismo de eventos e negócios em Belo Horizonte é a solução para a crise do setor hoteleiro.