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Estado de Minas

BC avisa que juros vão aumentar

Ata do Copom diz que avanços no controle de preços são insuficientes e sugere necessidade de conter os salários


postado em 08/05/2015 06:00 / atualizado em 08/05/2015 07:39

Quem tem planos de tomar dinheiro emprestado deve repensá-los. Para analistas do mercado financeiro, os juros vão continuar a subir neste ano, a partir da interpretação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgada ontem. A reunião a que se refere a ata ocorreu na terça e na quarta-feira da semana passada, quando a taxa básica de juros (Selic) subiu 0,5 ponto percentual, atingindo 13,25%. A próxima reunião será em 2 e 3 de junho. “A única certeza a partir da leitura da ata é que a elevação que acaba de ocorrer não foi a última. Haverá nova alta, de 0,25 ou 0,5 ponto, com chances de 50% para cada possibilidade”, afirmou Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista da Franklin Templeton. Qualquer que seja o aumento da Selic, porém, ele acha que será o último do ano. “O ciclo está perto do fim.”

Os integrantes do Copom veem avanços na convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%, mas apontam a persistência de fatores contrários a isso, sobretudo no mercado de trabalho — para economistas, o BC espera que os salários caiam mais do que a inflação, reduzindo preços no setor de serviços. Para os preços administrados, a projeção de alta neste ano é agora de 11,8%. Na reunião do Copom de março, era de 10,7%. Só a energia elétrica subirá 38,3%. A intenção é conter os efeitos secundários desses aumentos em 2015.

O texto afirma que “o cenário de convergência da inflação para 4,5% no fim de 2016 tem se fortalecido”. Antes, mencionava-se apenas tendência de convergência no próximo ano. Em seguida, porém, revela preocupação: “Os avanços alcançados no combate à inflação ainda não se mostraram suficientes. Nesse contexto, o Copom reafirma que a política monetária deve manter-se vigilante”. Para o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, o texto sugere uma elevação de 0,25 ponto em junho. “Se eles afirmassem que o Copom está ‘especialmente vigilante’, eu esperaria aumento de 0,5 ponto. Mas não é o caso”, explicou.

A ata menciona “certa persistência da inflação, o que reflete, em parte, a dinâmica dos preços no segmento de serviços”. Esses preços são muito influenciados pelo nível de emprego. O texto observa que “a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho tem se arrefecido, com alguns dados indicando o início de um processo de distensão nesse mercado”. Em seguida, porém, faz um alerta: “O Copom pondera que é preciso ampliar o horizonte de observações, e que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, à possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade, com repercussões negativas sobre a inflação”.

Mudança Embora a presidência do BC permaneça com Alexandre Tombini, o Copom agora tem dois novos membros, Toni Volpon e Otávio Damaso, empossados há duas semanas. Mas o fator principal é mudança da política econômica do governo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é de linha ortodoxa, diferentemente do antecessor, Guido Mantega.


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