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Estado de Minas

Inflação em BH é puxada por artigos de residência

Inflação desacelera para 0,71% em abril, mas é a maior para o mês desde 2011, e alta em quatro meses, de 4,56%, já supera o centro da meta para o ano. Em BH, alta foi de 0,65%


postado em 09/05/2015 06:00 / atualizado em 09/05/2015 07:17

Diante da disparada dos preços de mercadorias e serviços, a professora Danuza Valeriano Alves Batista, de 29 anos, apertou as finanças e precisou dobrar a carga horária: “Fazia pés e mãos no salão toda semana. Agora vou de 15 em 15 dias. E tive de procurar mais uma escola para lecionar as aulas de educação física”. O lamento dela, o mesmo de todos os brasileiros, é confirmado pelos novos números do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O indicador fechou abril com alta de 0,65% em BH e de 0,71% no país. Embora os resultados sejam inferiores aos de março (1,48% na capital mineira e 1,32% no Brasil), avançaram, respectivamente, 4,36% e 4,56% na soma dos quatro meses de 2015. Para se ter uma ideia, os percentuais são bem maiores do que os apurados em igual comparação de 2014: 2,95% em BH e 2,86% no Brasil.

Os números preocupam a equipe econômica do governo. Não é para menos: a inflação no acumulado dos últimos 12 meses no país está em 8,17%, a mais alta para um período de 12 meses desde dezembro de 2003 (9,3%). O IPCA nesse acumulado voltou a ultrapassar o teto da meta da inflação (6,5%) estipulado pelo governo para todo o ano de 2015 – o centro da meta é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima.

“O resultado de abril refletiu a descompressão do grupo habitação, tendo em vista o esgotamento do impacto causado pelo reajuste do preço da energia elétrica, que passou a valer em 2 de março. Ainda assim, a energia elétrica deverá ser um vetor de pressão inflacionária ao longo de 2015, diante da necessidade de reequilibrar a defasagem de preço gerada em anos anteriores e de conter a demanda. Para 2015, a projeção para o IPCA é de 8,10%”, avaliou Flávio Combat, economista da Concórdia.

O vilão da inflação em BH em abril foi o grupo artigos de residência (1,55%), seguido pelo de saúde e cuidados pessoais (1,28%). Danuza, que precisou de outro emprego para pagar as contas, diz que o plano de saúde de seu filho subiu de R$ 70 para R$ 90 – alta de 28,5%. Já o total das compras que ela costuma fazer no supermercado disparou 60%. “Lembro que em dezembro paguei R$ 500. Agora está em torno de R$ 800”.

Com alta dos preços, o aposentado Vicente de Paula cancelou viagem e a dona de casa Maria Gonçalves reduziu compras de carnes no supermercado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Com alta dos preços, o aposentado Vicente de Paula cancelou viagem e a dona de casa Maria Gonçalves reduziu compras de carnes no supermercado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


O avanço dos preços nas prateleiras obrigou muita gente a alterar o padrão de vida. O aposentado Vicente de P aula Nunes, de 67, desistiu da viagem que faria em outubro próximo a Aparecida (SP). Devoto de Nossa Senhora, ele é pai de 10 filhos: “Muita boca para sustentar”. “Graças a Deus”, continua ele, “não preciso comprar esses remédios para controlar a pressão, pois não teria essa quantia”. O medicamento é fornecido pelo poder público.

Dona Maria Gonçalves, de 63, cortou parte do gasto mensal que deixava no açougue: “Costumava comprar 15 quilos de carne de boi e quatro frangos congelados. Neste ano, como tudo ficou bem mais caro, passei a comprar cinco quilos de boi e dois frangos”. A inflação do grupo alimentação e bebidas em BH acumula alta de 4,27% no ano. O tomate foi o alimento com maior alta no Brasil em abril (17,9%). No acumulado do ano, o preço saltou 48,5%.

A coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, optou por destacar, em entrevista concedida à imprensa no Rio de Janeiro, a desaceleração da inflação em abril, ainda que a taxa de 0,71% não possa ser considerada baixa. “A taxa de abril foi a primeira do ano que ficou abaixo de 1%. Houve desaceleração da inflação em abril, mas ela se sustentou na casa dos 8% no resultado acumulado em 12 meses. O primeiro trimestre do ano foi marcado por uma alta mais expressiva de preços monitorados, como energia elétrica, tarifa de ônibus e combustíveis. Mas essa influência permanece em abril, ainda que em intensidade menor”, disse Eulina.

Em maio, especialistas avaliam que o indicador terá nova desaceleração. Contudo, alertam que o IPCA no acumulado do ano vai ultrapassar o teto da meta. “Para maio, projetamos um IPCA de a,45%. A desaceleração leva em conta a perspectiva de redução, no curto prazo, da pressão exercida pelo reajuste da energia elétrica que passou a vigorar em março”, destaca o economista da Concórdia. (com agência)


Preço sobe no setor de serviços

A inflação de serviços acelerou a 0,72% em abril, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, o indicador havia subido 0,58%. O movimento seguiu na contramão da inflação geral, que perdeu força diante da alta menor da energia elétrica. Mesmo assim, em 12 meses, a inflação de serviços ficou em 8,32%, acima do IPCA.

“Os serviços são itens que vêm pressionando desde muito tempo a inflação. Mas particularmente este ano o IPCA de serviços está abaixo dos preços monitorados!”, comentou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Os preços monitorados subiram 0,78% em abril, menos do que o avanço de 3,37% registrado em março. Em 12 meses, contudo, o aumento acumulado é de 13,39%.

“O número era esperado e não foi nenhuma novidade, mas o quadro segue muito complicado para o próximos meses”, avalia Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria ao comentar a desaceleração do IPCA em abril. O risco, segundo ela, é a “inércia inflacionária” carregar o índice acima de 8% até 2016. “No setor de serviços, o choque de preços administrados, como luz, está sendo repassado para o preço final e, é uma coisa difícil de dizer, mas o mercado de trabalho ainda não sofreu o suficiente.”

O diagnóstico de Alessandra vai ao encontro das projeções do IBGE. De acordo com a pesquisadora do instituto, em junho a inflação voltará a ser pressionada pelas tarifas de enegia. O motorista Alessandro Costa Pires sentiu no bolso os reajustes. Ele reclama que consome menos energia e paga mais. “Somos duas pessoas em casa. Há um ano pagávamos cerca de R$ 55. Hoje são R$ 63, mas o banho é rápido e tiramos todos os eletrodomésticos da tomada, som, tv, computador. Só a geladeira fica ligada”, revelou

 

 


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