Rio de Janeiro, 12 - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a criticar o patrimonialismo, defendeu a concorrência e censurou a tentativa de se "contornar os vícios com uma plêiade de programas", em vídeo transmitido nesta terça-feira, 12, no XXVII Fórum Nacional, seminário de debates promovido pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, no Rio.
"Velhos vícios, notadamente o patrimonialismo, inimigo da concorrência, nos cobram altos preços, em termos de ineficiência e do freio na realização de todo o potencial da nossa população", diz Levy no vídeo. Segundo ele, o País tem vantagens por causa do tamanho e das riquezas, mas elas por vezes se dissipam em razão de "condicionantes culturais e hábitos arraigados".
Segundo Levy, ainda que a inclusão social das últimas décadas, abrangendo a ampliação da educação, venha transformando a capacidade de trabalho, é preciso enfrentar os vícios históricos. "Não podemos deixar de enfrentar aqueles vícios, em vez de tentar contorná-los através de uma plêiade de acomodações e programas cujo ônus acaba se tornando impossível de ser suportado pelo Orçamento público", diz Levy.
Num mundo em desaceleração econômica e com maior concorrência, o ministro afirmou ainda que "precisamos incorporar a convicção de que a concorrência é a grande motriz da inovação".
Levy era convidado da sessão de abertura do Fórum Nacional, realizada na segunda-feira, 11, mas ficou em Brasília. À noite, viajou a Londres, onde cumpre agenda nesta terça-feira. O vídeo, enviado em substituição ao discurso que faria na segunda, tem cerca de 20 minutos e foi editado, com cortes na fala. O ministro aparece numa sala, ao lado de uma bandeira do Brasil e de um cartaz na parede, onde se lê uma frase de promoção da Lei de Responsabilidade Fiscal: "Agora, o Brasil só gasta o que arrecada".