Sob impacto negativo da desaceleração do consumo das famílias em um cenário de inflação e juros em alta, a economia brasileira retraiu no primeiro trimestre deste ano. O Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recuou 0,2% em relação ao quarto trimestre de 2014. Em valores correntes, PIB totalizou R$ 1,4 trilhão.
Frente ao mesmo trimestre do ano passado, houve queda de 1,6%, a quarta seguida e a maior desde o segundo trimestre de 2009, quando o recuo neste mesmo tipo de comparação foi de 2,3%, informou IBGE. Com o dado, o PIB acumula queda de 0,9% em 12 meses até o primeiro trimestre de 2015.
Apesar da queda do PIB nos três primeiros meses do ano, não houve recessão técnica, já que os resultados de meses anteriores não foram revisados e não houve queda no quarto trimestre de 2014 - no período o PIB cresceu 0,3%.
A queda da economia foi influenciada pela baixa de 0,7% no setor de serviços, que representa mais de 60% do PIB. A indústria também retrocedeu 0,3%, e o consumo das famílias 1,5%. O setor agropecuário, no entanto, teve um resultado positivo. Os investimentos e os gastos do governo mostraram queda de 1,3%. Já a agropecuária, cresceu 4,7%.
Segundo o IBGE, a queda no consumo das famílias foi influenciada pelo aumento de juros, pelo crédito mais caro e menos acessível, pela aceleração da inflação e pela deterioração no mercado de trabalho, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Na comparação com o primeiro trimestre de 2014, o recuo foi de 0,9%, o maior desde o segundo trimestre de 2003. "Houve aumento de juros, crédito para pessoas físicas está mais caro e menos acessível, a inflação deu uma acelerada e o emprego e a renda também desaceleraram", afirmou Rebeca. "É um efeito conjunto", acrescentou.
Projeções negativas
O resultado negativo confirma o esfriamento da atividade, mas é menor que a baixa prevista pela maioria dos analistas, de -0,5%. A economia do Brasil cresceu apenas 0,1% em 2014, seu quarto ano consecutivo de magra expansão, e se prepara para transitar por um período ainda mais difícil neste ano, quando o governo prevê uma queda do PIB de 1,2%, mais forte inclusive que a prevista pelo Fundo Monetário Internacional (-1%).
Na semana passada, o próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy admitiu que o Brasil poderia ter um trimestre de PIB negativo. Além disso, a "prévia do PIB", divulgada pelo Banco Central apontou uma retração de 0,81% no primeiro trimestre do anor, o que indicaria recessão técnica, definida pela queda do PIB por dois trimestres consecutivos. (Com agências)