São Paulo, 29 - O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2015 confirmou expectativas negativas que varejistas já tinham para o desempenho do consumo das famílias, avaliou o economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano. Embora ele considere que o setor supermercadista tem conseguido desempenho superior à média do comércio, a perspectiva para este ano é de estagnação ante 2014.
"Já vínhamos observando os dados de confiança dos empresários, aumento do desemprego e redução da massa salarial como indicadores de um cenário ruim", disse.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta sexta-feira, 29, que o PIB brasileiro recuou 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2014.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2014, a economia teve queda mais forte, de 1,6% e o economista afirma que "as projeções da entidade para o setor supermercadista já consideravam um cenário de queda em torno de 1,5%". Sendo assim, a Apas mantém a expectativa de que o setor tenha crescimento real zero este ano.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda de 0,9% no consumo das famílias foi igual ao recuo observado no terceiro trimestre de 2003 e a maior nesta comparação desde o segundo trimestre de 2003, quando o recuo foi de 2,2%.
A inflação é vista pelo economista como a principal responsável pela freada no varejo de supermercados. A entidade trabalha com uma alta de até 8,5% no nível de preços este ano. O custo com energia elétrica, que também impactou o PIB industrial, acaba se refletindo no comércio como aumento de preços ao consumidor, o que afeta negativamente as vendas.
Apesar da toada negativa, Mariano afirma que os investimentos do setor ainda não estão sendo prejudicados. Ele considera que a redução da atividade econômica como um todo acaba se refletindo menos no varejo de supermercados porque em tempos de crise as famílias concentram seus gastos com compras para o lar.
O economista ponderou ainda que as vagas de emprego nas companhias do setor seguem estáveis. Na avaliação dele, o setor vivia um déficit de mão de obra no passado e acabou conseguindo ocupar vagas antigas em aberto depois da onda mais forte de demissões na indústria desde o final de 2014.