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Estado de Minas

Mineração e metalurgia aumentam investimentos em reaproveitamento da água

Aportes financeiros destinados pelo setor minerometalúrgico resultam em elevados índices de recirculação do insumo, que alcançam 90%. Novos processos usam captações, como a das chuvas


postado em 05/06/2015 00:12 / atualizado em 05/06/2015 07:28

Laboratórios de desenvolvimento de produtos da CBMM: produção absorveu R$ 55 milhões nos últimos seis anos(foto: CBMM/Divulgação)
Laboratórios de desenvolvimento de produtos da CBMM: produção absorveu R$ 55 milhões nos últimos seis anos (foto: CBMM/Divulgação)
Intensiva no uso de alguns dos recursos naturais, as indústrias da mineração e metalurgia têm destinado parcela crescente de seus investimentos ao aproveitamento da água e da energia, além de matérias-primas, consumidas no processo de produção. Os índices de recirculação de água nas jazidas minerais exploradas por grandes empresas no Brasil atingiram 80%, na média, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O diretor de Assuntos Ambientais da instituição, Rinaldo Mancin, afirma que os projetos desenvolvidos vão além da reciclagem e do reúso. Há avanços com a instalação de plantas de beneficiamento de minérios em circuitos fechados, onde é minimizada a perda de água e inexiste, na prática, a geração de efluentes.

O setor tem diversificado as fontes de água, incorporando novas tecnologias para captação de chuva, e a disposição de rejeitos na forma de pasta, com a implantação de espessadores. Outro avanço é o beneficiamento a seco de minérios, com aproveitamento da umidade natural do ambiente. Em Araxá, no Alto Paranaíba, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora mundial de nióbio, está trabalhando para alcançar 97% de recirculação da água usada no processo industrial dentro de dois anos. O presidente da mineradora, Tadeu Carneiro, informa que a estratégia adotada pela empresa permitiu que a planta industrial passasse a reaproveitar 95% do insumo em 2014, um avanço importante perante o índice de 88% observado em 2009.

No ano passado, recircularam no processo de produção da companhia 4,5 milhões de litros de água por hora, fruto de aportes realizados de R$ 55 milhões entre 2009 e 2014. A nova meta torna possível o reaproveitamento de toda a água usada na produção de uma extensa linha de produtos, que inclui ferronióbio, óxidos, ligas de grau vácuo e nióbio metálico. “Estamos caminhado para isso (reciclar 97% de água)”, diz Tadeu Carneiro.

A CBMM mantém, ainda, controle permanente sobre a qualidade da água, segundo o executivo, por meio da coleta de mais de 4 mil amostras por ano em pontos considerados estratégicos na fábrica de Araxá. O material é submetido a 27 mil análises. Com o trabalho, a companhia se antecipa à vigilância à qual é submetida, uma vez que o nióbio contém pequenas quantidades de minérios radioativos, o tório e o urânio, cuja produção é monopólio do estado. Isso faz com que a companhia seja alvo constante de fiscalização pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM). O monitoramento da água é incluído nas auditagens feitas pelo órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia.

Na mesma linha de política visando à sustentabilidade, a mineradora recicla, reaproveita, reprocessa ou autoriza empresas terceirizadas a reprocessar mais de 30 tipos de resíduos. Essas substâncias totalizaram 50 mil toneladas no ano passado. Um pátio de triagem de 6 mil metros quadrados mantido na planta industrial de Araxá organiza os resíduos por categoria e a empresa detém células de disposição de resíduos de classes 1 e 2 de última geração para manejar o material.

A emissão de particulados é controlada com o uso de equipamentos modernos, a exemplo dos chamados filtros de manga, que capturam partículas de emissões de fontes fixas no complexo industrial, impedindo a dispersão delas na atmosfera. Eles permitem a recuperação e eventual reaproveitamento do material coletado no processo de produção, reduzindo os impactos ambientais do processo industrial. Outro mecanismo é uma correia transportadora de minério de 3,2 quilômetros, ligando a mina à unidade de concentração da matéria-prima. O processo elimina o trânsito de caminhões, proporcionando ganhos relativos ao fim de emissões e consumo de combustível e à diminuição dos níveis de ruído.


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