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Estado de Minas

Poupança acumula perdas de R$ 32,2 bilhões no ano, até abril


postado em 05/06/2015 20:07

Brasília, 05 - O volume de resgate de recursos da caderneta de poupança voltou a perder fôlego no mês de maio. Segundo números divulgados nesta sexta-feira, 5, pelo Banco Central, a quantia de saques superou a de depósitos em R$ 3,199 bilhões no mês passado. Em abril, o resgate líquido na caderneta havia sido de R$ 5,851 bilhões e, em março, de R$ 11,438 bilhões.

Com o resultado de maio, o saldo total da poupança ficou em R$ 648,772 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 3,662 bilhões. Os depósitos na caderneta somaram R$ 153,235 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 156,434 bilhões. No acumulado do ano até abril o resultado está negativo em R$ 32,280 bilhões.

A situação de maio só não foi pior porque, no último dia útil do mês, o volume de aplicações foi R$ 3,997 bilhões maior do que o das retiradas. Até o dia 28, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 7,196 bilhões. É comum ver um aumento dos depósitos no último dia de cada mês por causa de aplicações automáticas e de sobras de salários.

O que tem ocorrido nos últimos meses, no entanto, é que essa sobra tem sido cada vez menor. Em 2013, todos os meses fecharam com captação líquida, que no acumulado do ano chegou a R$ 71,047 bilhões. No ano passado, só houve resgate líquido em abril e o saldo total de captações foi positivo em R$ 24,033 bilhões. Já em 2015, todos os meses registraram mais resgates que depósitos até agora.

Com o atual ciclo de alta dos juros básicos e do dólar tornando outros investimentos mais atrativos, a caderneta de poupança perde o brilho. Até porque, há três anos a forma de remuneração da aplicação mudou.

Pela regra de maio de 2012, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR). Atualmente, a taxa básica está em 13,25% ao ano. Quando o juro sobe a partir de 8,75% ao ano passa a valer a regra antiga de remuneração fixa de 0,5% ao mês mais a TR.

A baixa nos saldos da poupança obrigou o governo a lançar no final de maio um pacote ao setor imobiliário que vai injetar R$ 31 bilhões no setor via financiamentos. A quantia é semelhante à saída recorde de recursos da poupança nos quatro primeiros meses deste ano, quando os saques foram superiores aos depósitos em R$ 30 bilhões. Os recursos da poupança são fonte importante para os bancos financiarem a casa própria.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, avaliou que o governo precisa criar medidas para incentivar a poupança enquanto os juros básicos da economia se mantiverem elevados. "A caderneta de poupança é o instituto de maior credibilidade no Brasil e tem resistido ao longo dos anos. Neste instante, por uma política monetária, os juros da Selic sobem, mas precisamos preservá-la. É urgente que se crie estímulos para a poupança", afirmou.


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