(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

BH tem aeroporto inacabado e hotéis desocupados quase um ano após a Copa

Obras previstas para atender o aumento de passageiros no terminal na Copa ainda estão em curso. Hotéis não ficaram prontos e a ocupação está baixa


postado em 07/06/2015 06:00 / atualizado em 07/06/2015 10:26

Em Confins, parte das intervenções foi concluída depois do fim da competição. Mas ainda há muito por fazer (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 1/12/14)
Em Confins, parte das intervenções foi concluída depois do fim da competição. Mas ainda há muito por fazer (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 1/12/14)

O desenvolvimento da infraestrutura urbana das cidades-sede também era a promessa de um legado para o Brasil pós-Copa do Mundo. Aeroportos, rodovias, hospitais e corredores de ônibus, entre outros, seriam construídos para suprir o déficit histórico do país, impulsionando um novo ciclo de desenvolvimento. Quase um ano depois do Mundial, no entanto, obras importantes, como as previstas para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, não terminaram e a capital, que recebeu milhares de turistas, também se recente da queda do movimento em seus hotéis, agravada pela retração econômica que desacelerou a agenda de eventos.

O sistema de transporte BRT é uma das heranças que modificaram a mobilidade urbana da capital, mas trouxe também reflexos para o comércio. O varejo ainda busca soluções para a queda na demanda, já que a reestruturação do sistema de transporte retirou o fluxo de pedestres dos passeios e clientes das lojas. A rede hoteleira recebeu um impulso, cresceu cerca de 50% e chegou a operar com 100% de sua capacidade durante os dias de jogos da competição na cidade. Mesmo assim, 12 meses depois, 13 hotéis ainda não foram entregues.

Em Minas, a reforma e ampliação do aeroporto de Confins era uma das intervenções públicas previstas para contribuir para o avanço do estado. Nenhuma obra foi entregue no prazo estipulado. Pior: passado um ano do evento esportivo, não há previsão para a conclusão dos projetos. O governo federal, por meio da Infraero, iria aumentar o espaço disponível no terminal de passageiros, expandir a pista de pouso e o pátio de aeronaves e ampliar o terminal de aviação executiva para receber voos comerciais.

Aos olhos do público, a obra do terminal de passageiros é a mais perceptível. Pelo projeto contratado, o espaço disponível deveria ter sido aumentado em 7,3 mil metros quadrados, proporcionando mais conforto e qualidade para os usuários. Os repetidos atrasos na entrega dos estudos de engenharia motivaram a demora na execução do projeto. Com isso, o consórcio contratado pela Infraero, formado pelas empresas Marquise e Normatel, acionou a estatal judicialmente para cobrar supostos prejuízos advindos dos atrasos.

O imbróglio está travado à espera de decisão judicial. Isso impede a extinção do contrato e, por consequência, a contratação de nova empresa para dar continuidade à construção. O início das obras completa, em setembro, quatro anos. Mas, desde o ano passado, estão paradas.

Outro projeto previsto para a Copa do Mundo com o intuito de aumentar o limite de passageiros é a construção de um “puxadinho” em substituição ao terminal de aviação geral (executiva). O terminal seria usado para voos domésticos, mas a BH Airport, que ganhou a concessão do aeroporto, decidiu usá-lo para voos internacionais. Com isso, não há data para a inauguração. Outro imbróglio se refere à expansão da pista e do pátio de aeronaves. Trata-se de mais um projeto com o selo da Copa do Mundo que deveria ter sido concluído em fevereiro do ano passado. Só que não foi.

TURISMO Como herança do mundial, Belo Horizonte ganhou um parque hoteleiro bem mais robusto se comparada a oferta apertada e restrita que tinha antes, mas nem todos terminaram a corrida iniciada com lei municipal de incentivo ao setor. No momento, quatro obras estão paralisadas e outras nove, atrasadas. Apesar de terem sido erguidos para a Copa, esses 13 empreendimentos não hospedaram um único turista.

Antes do Mundial, eram 89 hotéis na capital, número que saltou para 135. Não entram nessa conta meios de hospedagem como pousadas, hostels, motéis ou hotéis de rotatividade. Para Maarten van Sluys, da JR&MvS Consultores, a expansão foi importante porque a oferta da cidade não conseguiria atender os turistas no padrão exigido pela Fifa. “BH ganhou um parque hoteleiro com um mapa mais bem localizado, onde podem ser encontrados hotéis qualificados em diversas regiões da cidade. Nesse caso, a herança da Copa foi positiva, mas a ocupação da rede caiu muito e hoje gira em torno de 40%, quando a taxa mínima esperada é de 60%.”

O especialista atribui a queda da demanda à crise financeira e ao que ele chama de falta de atratividade da cidade. “O aeroporto ainda não atende com a capacidade para que foi projetado, o centro de convenções municipal não saiu do papel e as moradias dos oficiais do aeroporto da Pampulha não deram lugar ao centro de excelência da aviação executiva. Falta trabalhar a demanda”, critica o especialista.
Marcello Medeiros, diretor de desenvolvimento da rede Bristol, do grupo Allia Hotels, com sete unidades em Belo Horizonte, diz que a rede mantém seu plano de investimentos e tem conseguido aumentar sua taxa de ocupação com promoções e divulgação massiva dos hotéis nas cidades emissoras. Ele acredita que o setor passe por um momento de ajuste e vá precisar de um tempo entre dois e 10 anos para se adequar. “A oferta cresceu rapidamente nos últimos anos.”

Presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes (Sindihorb), Paulo César Pedrosa lamenta que obras como o centro de convenções da Prefeitura de BH e a expansão do Expominas não tenham saído do papel. Ele diz que, com a queda na taxa de ocupação, foi o consumidor que ganhou: “Hoje, Belo Horizonte tem uma das menores diárias do Brasil, entre R$ 150 e R$ 200 para um quatro estrelas.”

“A herança do Mundial vai chegar no futuro. A Copa colocou BH em evidência em todo o mundo, e isso, sem duvida, será positivo para o setor a longo prazo”, considera Flávia Araújo, diretora operacional da Rede Arco, com seis hotéis na Grande BH. Stella de Moura, diretora de promoção turística da Belotur, concorda: “Para o futebol brasileiro, a derrota para a Alemanha foi ruim, mas, por outro lado, projetou Belo Horizonte mundialmente”. Stella de Moura rebate as críticas e diz que o turismo está sendo fomentado. Segundo ela, o centro de convenções da prefeitura está parado por questões judiciais, mas o projeto deve ser consolidado. Ela cita também o centro de convenção médica da iniciativa privada na Avenida João Pinheiro. “A rede hoteleira da cidade impedia a expansão de promoções turísticas, o que não ocorre agora. O setor passa por um período de adaptação e existe uma crise que reduziu o turismo de negócios”, observa.

Gigante atrasado

Entre os hotéis com obras atrasadas, está o Golden Tulip, na Região Central. Investimento do Brazil Hospitality Group, o hotel tem 408 apartamentos. Obra mais robusta, erguida com a bandeira da Copa, não hospedou turistas. A reportagem entrou em contato com a empresa, mas não obteve retorno sobre a previsão de término do empreendimento. Segundo a JR&MvS Consultores, o hotel deve ficar pronto em março de 2016.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)