A indústria paulista demitiu 17 mil trabalhadores em maio, acumula saldo negativo de 35 mil cortes em 2015 e de 181 mil demissões em 12 meses, informou nesta quinta-feira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com os dados, a entidade estima que as demissões somem 150 mil este ano, uma queda de 6% no nível de emprego na comparação anual, recorde desde que a série histórica de dados foi iniciada, em 2005.
"É a maior perda de empregos absolutos, superando até mesmo a queda ocorrida no ano da crise (2009)", informou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, se referindo ao saldo negativo de empregos de 110 mil, registrado em 2009. Dos 22 setores da indústria no Estado, 18 demitiram, só 2 contrataram e outros 2 permaneceram estáveis ante abril.
Com as demissões em maio, o nível de emprego da indústria paulista caiu 0,86% ante abril de 2015, na série com ajuste sazonal. Na mesma base de comparação, o Índice de Nível de Emprego recuou 0,70% na série sem ajuste sazonal. Ao comparar maio de 2015 com o mesmo mês do ano passado, o nível de emprego recuou 6,86% na indústria paulista. Segundo Francini, o resultado é "muito ruim, e no segundo semestre há de aprofundar a crise na indústria de transformação e na economia brasileira".
O Depecon estima que a economia deve encolher 1,7% no País em 2015, com viés de baixa. Ainda segundo o economista, o ajuste fiscal, como está sendo conduzido pelo governo, não consegue conviver com taxa de crescimento econômico.
Setores
Em crise, a indústria automotiva (veículos automotores, reboques e carrocerias) continuou como a que mais cortou empregos no mês passado no Estado, com 4.307 demissões, seguida pela de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, com 3.202 cortes, e pela indústria de máquinas e equipamentos, com 1.789. Assim como em abril, a indústria de produtos alimentícios foi a que a mais contratou, com 2.276 empregados, seguida pela de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, com 259 empregos.
Os setores que mais contrataram puxaram o nível de emprego em regiões produtoras de alimentos e biocombustíveis. A liderança ficou com a indústria de Santa Bárbara d'Oeste, com aumento de 2,65% no nível de emprego em maio ante abril, impulsionado pelos segmentos de produtos alimentícios (48,36%) e de produtos têxteis (1,80%). Matão e Sertãozinho, puxados pela indústria alimentícia (processadora de laranja e cana), avançaram, 1,35% e 1,33%, respectivamente, em maio ante abril.
Em contrapartida, a região de Osasco, registrou queda 2% no nível de emprego em maio, puxada pelos cortes na indústria automotiva e de autopeças; a de Bauru recuou 1,93%; e a de Santo André, 1,85%. Ao todo, das 36 regiões apuradas pela Fiesp 26 sofreram queda no emprego, 8 anotaram alta e duas ficaram estáveis.