Na linha de frente para o impacto que a retração na economia trouxe para o dia a dia, as donas de casa estão, a duras penas, traçando novas rotas para fechar as contas no quinto dia útil do mês. Elas, na maioria das vezes responsáveis pela organização das casas, são as verdadeiras especialistas quando o assunto é driblar a crise. Dão a receita para novos planejamentos que evitem desperdícios corriqueiros e gastos desnecessários. O corte pode ser feito nas marcas adotadas, no sacolão escolhido ou simplesmente em costumes dispendiosos. Exemplo de redução de gastos, a secretária e também dona de casa Adalgisa Damasceno diminuiu a conta de água em mais de 60%, mesmo com o reajuste de tarifas, só com a redução do uso da máquina de lavar e outras medidas simples. Neste mês, ela pagou o valor mínimo da fatura.
Mudar o plano de telefonia celular. Agendar encontros caseiros com amigos em vez de ir para bares. Levar marmita para o trabalho. Trocar o carro pelo ônibus. Cortar o número de visitas da faxineira. A lista de mudanças possíveis é extensa. Gastar tempo em pesquisa de preços, buscar alimentos da safra, aproveitar ofertas de produtos que não sejam perecíveis e não ter fidelidade a marcas são algumas das dicas da coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, Solange Medeiros de Abreu. “Tem que ter olho clínico. É preciso decorar os valores e boicotar preços altos”, afirma. Outro exemplo citado por ela é a aquisição de produtos de marcas de supermercado. Arroz, leite, açúcar, papel higiênico e outros são embalados por grandes redes varejistas e vendidos a preços muito menores. “Fica mais barato porque a marca não precisa ser explorada”, explica Solange.
O professor de finanças do Ibmec Ricardo Couto considera a mudança de hábito dos brasileiros a partir da crise “um efeito colateral benéfico”. Depois da onda “gourmetizadora”, ele enxerga uma nova tendência de “segregação” das redes de supermercado. Segundo Couto, haverá duas categorias de varejo: uma para a compra de produtos essenciais e outra para bens diferenciados. Leite, produtos de limpeza e outros itens que são encontrados em qualquer rede serão comprados onde estiverem mais baratos. “O baixo custo é valorizado. Agora o foco é 100% custo. O consumidor passa a procurar o estabelecimento mais barato, não o que fica mais perto de casa”, afirma.
GINÁSTICA DE GRAÇA
Estene Maria, atriz
Moradora do Bairro Padre Eustáquio
CONSCIÊNCIA PARA ECONOMIZAR
Márcia Aparecida Mourão, dona de casa
Moradora do Bairro Ipanema
ANOTAR PARA CORTAR
Ana Paula Guedes, arquiteta
Moradora do Bairro Funcionários
PESQUISAR É PRECISO
Camila Márcia Paraguai, técnica de laboratório
Moradora do Bairro Dom Bosco
COLOCAR NA BALANÇA
Antônia Vieira Chavez, aposentada
Moradora do Bairro Funcionários
CAÇA AOS DESPERDÍCIOS
Adalgisa Batista Damasceno, secretária e manicure
Moradora do Bairro Palmeiras
SUBSTITUIÇÃO DE PLANOS
Goretti Senna, jornalista
Moradora do Bairro Luxemburgo