O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, disse que a redução da arrecadação está em linha com o resultado da atividade nos últimos meses. "Olhando para os indicadores macroeconômicos, não há frustração com arrecadação", disse. "Há aderência da arrecadação com o desempenho fraco da economia", continuou.
Desde janeiro, disse, a arrecadação está em trajetória descendente e isso ficou mais evidente a partir de março. "Desde janeiro, estamos em trajetória negativa de arrecadação e desde março numa trajetória crescente de valores negativos", afirmou. Mantido esse cenário na economia, a Receita Federal avalia que o desempenho da arrecadação para o resto do ano pode continuar com o mesmo comportamento, disse.
Números ruins
Malaquias salientou que a produção industrial registrou uma queda de 7,60% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, que a venda de bens e serviços recuou 8,54% em igual período e que o valor em dólar das importações teve baixa de 28,80%. "Até a massa salarial, que é o único indicador positivo, está menor", comparou. No período, o avanço foi de 3,48% ante 4,90% de abril em relação ao mesmo mês de 2014.
No caso da baixa das importações, o chefe do centro de estudos da Receita comentou que o indicador, além de apontar para o desempenho das compras feitas pelo Brasil em si, significa também que o País está comprando menos matéria-prima para indústria, o que deve significar que a produção fabril continue negativa "lá na frente".
PIB
Malaquias informou ainda que a participação dos tributos federais no Produto Interno Bruto (PIB) vem mostrando uma tendência decrescente desde 2007. Em levantamento apresentado à parte, ele revelou que essa participação foi de 15,69% em 2007; de 15,38%, em 2008; de 14,08, em 2009; e de 14,09%, em 2010.
Em 2011, houve uma elevação "atípica", de acordo com Malaquias, em função de dois fatos extraordinários que ocorreram naquele ano: consolidação do programa de parcelamento e resultado extraordinário com arrecadação por causa do fim de uma disputa judicial travada com várias empresas na ocasião. Naquele ano, a relação ficou em 15,18%. Em 2012, esse movimento de baixa foi retomado, com a participação no PIB ficando em 13,74%. Em 2013 passou para 13,96% e, no ano passado, para 13,39%.