O Banco Central (BC) brasileiro deve encerrar o atual ciclo de aperto monetário em setembro de 2015, com a taxa básica de juros (Selic) em 14,5% ao ano, e só voltará a baixar os juros depois do segundo trimestre de 2016, prevê o BNP Paribas.
As projeções foram divulgadas nesta sexta-feira, 26, pelo economista para América Latina do banco, Marcelo Carvalho, durante teleconferência com a imprensa. Nesse cenário, a instituição financeira prevê que a Selic deve encerrar 2016 a 12,5% ao ano.
De acordo com Carvalho, o BNP Paribas prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá, portanto, promover mais duas altas na Selic ainda em 2015: uma de 0,5 ponto porcentual na reunião de julho e outra de 0,25 ponto em setembro, encerrando o ciclo de aperto monetário em 14,5% ao ano.
"Depois, os juros ficariam parados por um bom tempo, só voltando a cair por volta do segundo trimestre do ano que vem, não antes disso", afirmou. Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano.
O economista destacou que as projeções do BNP para Selic levam em conta uma previsão de IPCA de 9% ao fim de 2015. Ele reconheceu que a projeção do banco está "acima do consenso" do mercado, mas ponderou que, para a instituição financeira, "o risco é de que a inflação feche acima de 9% e não abaixo".
Para 2016, o banco prevê uma inflação "perto de 6%", em razão da forte inércia inflacionária e do reajuste de preços administrados que deverão persistir no próximo ano, segundo Carvalho.
Na teleconferência, o economista elogiou a decisão anunciada ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de diminuir a banda de tolerância da meta da inflação de 2 pontos porcentuais para 1,5 ponto a partir de 2017.
Na avaliação dele, essa foi uma decisão "muito acertada" e que deve ajudar a ancorar as expectativas do mercado para inflação. "Temos de falar até de uma banda mais estreita, de 1 ponto, mais para frente", sugeriu.