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Estado de Minas

Bancos gregos são fechados para conter saques

Banco Central Europeu mantém empréstimos aos níveis de sexta, o que pressiona Atenas a adotar controles de capital imediatos


postado em 29/06/2015 06:00 / atualizado em 29/06/2015 07:35

Gregos formaram longas filas para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos ao longo de todo o fim de semana(foto: ANGELOS TZORTZINIS/AFP)
Gregos formaram longas filas para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos ao longo de todo o fim de semana (foto: ANGELOS TZORTZINIS/AFP)
Frankfurt e Atenas – Os bancos gregos permanecerão fechados hoje, disse o funcionário de uma instituição financeira ontem, depois de uma reunião entre o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, o presidente do Banco da Grécia, Yannis Stournaras, e os chefes dos quatro principais credores da Grécia. O Banco Central Europeu informou, também ontem, mais cedo, que iria congelar, por enquanto, o nível de empréstimos de emergência para os bancos gregos ao patamar da sexta-feira, uma decisão que pode deixar o país mais perto de ter de impor controle de capital para interromper o avanço dos saques de dinheiro, que parecem ter acelerado ao longo do fim de semana, com filas nos caixas eletrônicos de todo o país.

“O Conselho está disposto a reconsiderar a sua decisão”, disse o BCE depois de uma teleconferência, uma indicação de que o banco quer manter suas opções em aberto em meio a negociações difíceis entre a Grécia e os seus credores sobre seu programa de resgate, que expira amanhã. Essas negociações fracassaram no fim de semana, depois de Atenas anunciar um referendo para que o público decida sobre o rumo do país.

Até sexta-feira, o BCE estava estendendo quase 89 bilhões de euros (US$ 99,4 bilhões) em assistência de liquidez emergencial para os bancos gregos. A decisão de manter inalterado o nível significa que não haverá captação (funding) extra para cobrir nova fuga de depósitos. “Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com o Banco da Grécia”, disse o presidente do BCE, Mario Draghi.

A decisão do BCE veio menos de dois dias após o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras surpreender líderes europeus, ao anunciar um referendo na Grécia sobre a aceitação das condições de credores do país para desbloquear a ajuda financeira.

O ministro das Finanças grego, Yannis Varoufakis, afirmou, em mensagem no Twitter, que o governo se opõe ao “próprio conceito” de controle de capital dentro de uma união monetária. Ele também sugeriu que Atenas pode não pagar o dinheiro devido ao FMI amanhã. Em entrevista à rádio BBC, ontem, ele disse que o BCE deveria pagar o FMI com lucros obtidos com os bônus gregos em 2014.

A atitude do primeiro-ministro Alexis Tsipras, de marcar um plebiscito para o próximo domingo sobre a proposta dos credores do país, enfureceu parceiros europeus, que dizem não aceitar uma extensão do atual pacote de ajuda, cujo prazo expira amanhã à noite. O Parlamento grego aprovou o pedido de referendo ontem.

O premiê francês, Manuel Valls, pediu que a Europa faça todo o possível para manter a Grécia na Zona do Euro. “Nós não sabemos – nenhum de nós – as consequências de uma saída da Zona do Euro, nem na frente política, nem na econômica. Precisamos fazer tudo para a Grécia ficar na Zona do Euro”, afirmou Valls à emissora i-Tele TV. Segundo ele, é preciso respeitar a Grécia e a democracia, mas também as regras da UE. “Então, a Grécia precisa voltar à mesa de negociações”, afirmou.

NOVA TENTATIVA O primeiro-ministro grego disse ontem que renovou o pedido de uma extensão de curto prazo do programa de socorro, para que o país ganhe tempo até o referendo que será realizado na semana que vem. Em comentários na TV, Tsipras disse que a decisão do Banco Central Europeu de manter o financiamento de emergência para os credores gregos inalterado forçou a autoridade monetária grega a recomendar que os bancos não abrissem e colocassem em prática o controle de capital.

“Enviei um pedido de extensão curta. Desta vez, para os líderes dos países da Zona Euro e os dirigentes do BCE, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu”, disse Tsipras. “Aguardo a resposta imediata deles a um pedido básico da democracia. Eles são os únicos que, o mais cedo possível, podem reverter a decisão da Zona do Euro”, disse.

FMI acompanha negociações

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está monitorando atentamente os fatos envolvendo a Grécia e seus vizinhos, afirmou ontem a diretora-geral da entidade, Christine Lagarde. “Os próximos dias serão claramente importantes”, disse Lagarde, acrescentando que saúda a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de “fazer uso completo de todos os instrumentos disponíveis para preservar a integridade e a estabilidade da Zona do Euro”. Segundo Lagarde, o FMI segue atento aos fatos envolvendo a Grécia e seus vizinhos “e está pronto para prover assistência, se necessário”.


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