Rio de Janeiro, 30 - Depois de pressionar o Índice de Preços ao Produtor (IPP) neste início de ano, o câmbio deu uma trégua à inflação na porta de fábrica. A alta da moeda americana foi de 0,59% ante o real em maio, o que tirou o protagonismo desse fator no índice de maio, explicou o gerente do IPP, Alexandre Brandão, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Não à toa, o IPP teve, em maio, alta de 0,15%. É o menor resultado desde janeiro deste ano, quando o avanço foi de 0,02%.
No acumulado de 2015, porém, o dólar já subiu 16%. Por isso, ainda há alguns efeitos residuais, principalmente sobre a indústria têxtil (uma vez que parte do algodão empregado vem do exterior) e de veículos (principalmente sobre os preços de motores a diesel). A taxa de 6,10% em 12 meses é a maior desde maio do ano passado (6,56%).
"O câmbio esse mês (maio) variou muito pouco, mas ainda há efeito sobre alguns setores", disse Brandão.
Nos veículos, a alta de 0,84% em maio foi influenciada pelo encarecimento dos motores a diesel, que trazem esse efeito um pouco atrasado do câmbio, segundo Brandão. Mas outro determinante foi a decisão de algumas montadoras de já lançar os modelos 2016. "É uma forma de diferenciar seu produto, já que está em um momento tão difícil. Tentam adiantar isso para atrair o consumo", disse o gerente.
Nos equipamentos de informática, setor muito sujeito a variações no câmbio, houve queda de preços muito por conta do barateamento dos celulares. "Era o mês de dia das mães, pode ser que tenha tido promoção para aquecer as vendas", afirmou Brandão. Também ficaram mais baratos os alimentos (principalmente por conta da grande oferta de soja) e os outros produtos químicos.