O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, elevou nesta quarta-feira, de 8,1% para 8,6%, a projeção para a inflação captada pelo indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2015. Em entrevista à reportagem, ele disse que o aumento na estimativa está diretamente ligado à frustração com o resultado alto do índice em junho e destacou que o atual momento de preços elevados no País também justifica a revisão.
Picchetti também já embutiu na nova previsão o reajuste anunciado na terça-feira, dia 30 de junho, para as contas da Eletropaulo. A concessionária paulista foi autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a aumentar a tarifa para os consumidores residenciais em 17,04%. As contas com o reajuste passam a vigorar a partir de 4 de julho.
Se a previsão de Picchetti for confirmada, o IPC-S terá em 2015 a maior taxa da série, iniciada pela FGV em 2003. Em 2014, com uma inflação captada de 6,87%, o indicador já havia alcançado a maior marca desde que foi criado. No começo de 2015, o coordenador fez uma previsão inicial de 6,6% para o índice geral, mas foi obrigado a mudar os números no primeiro semestre, em virtude do comportamento elevado da inflação.
Nesta quarta-feira, a FGV divulgou que o IPC-S registrou taxa de 0,82% em junho, ante 0,72% em maio. O resultado ficou próximo da mais recente estimativa de Picchetti, que era de 0,80%. Mas ele havia iniciado o mês passado com uma expectativa de 0,60%, que chegou a ser revista para 0,70% e para o 0,80% final.
No acumulado do primeiro semestre, o IPC-S atingiu a taxa de inflação de 6,42%. Nos últimos 12 meses encerrados em junho, acumulou variação de 9,15%. "Nunca antes na série histórica do IPC-S, havíamos rompido a marca de 9%", disse Picchetti, que trabalha com uma estimativa de taxa de 0,50% para o indicador mensal de julho, apostando na redução dos impactos de alta de grupos e itens que pressionaram a inflação de junho, como a Alimentação e os jogos de loteria.
O coordenador do IPC-S lembrou que a expectativa de 8,6% esperada por ele para o indicador da FGV ainda traz um cenário melhor que o previsto pelo Banco Central para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação do País. No mais recente Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo BC no dia 24 de junho, a autoridade monetária elevou a previsão para o IPCA de 2015, de 7,9% para 9,0%, no cenário de referência, que considera juros e câmbio constantes. "Perto do Banco Central, ainda estou até mais otimista", disse Picchetti.