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Estado de Minas

Desafio grego é fazer reformas

Primeiro-ministro pede ao Parlamento endosso para aprovar aumento de impostos e cortes de gastos e admite dificuldade


postado em 11/07/2015 06:00 / atualizado em 11/07/2015 07:33

Alexis Tsipras é aplaudido ao discursar para os parlamentares e reconhecer erros na negociação com credores(foto: AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKI )
Alexis Tsipras é aplaudido ao discursar para os parlamentares e reconhecer erros na negociação com credores (foto: AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKI )

Atenas –
Em um discurso com tom fortemente pessoal, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse ao Parlamento do país que negociou tão duro quanto podia com os credores internacionais e admitiu que seu governo cometeu erros nas negociações durante seus quase seis meses mandato. Falando em uma sessão parlamentar que vai discutir as propostas enviadas ontem aos credores internacionais, Tsipras descreveu os últimos meses como uma guerra em que “batalhas difíceis foram travadas e algumas perdidas”. “Agora eu tenho a sensação de que já chegamos ao limite. A partir daqui, há um campo minado”, afirmou. Ele acrescentou que não tem o direito de esconder do povo grego que as medidas que a Grécia deve tomar estão longe de promessas pré-eleitorais do seu partido de esquerda. Mas ele insistiu que a última proposta contém medidas que ajudariam a economia e, se aprovada pelos credores da Grécia no fim de semana, vai desbloquear uma linha de financiamento suficiente para o país a sair da sua crise prolongada.

A previsão era de que a sessão parlamentar durasse até, pelo menos, às 3h da manhã (hora local, 21h de Brasília) e até o fechamento dessa edição não havia terminado. As medidas que serão apreciadas pelos parlamentares gregos incluem aumentos de impostos e cortes de gastos muito semelhantes aos que os gregos rejeitaram em um referendo no domingo passado.

O plano tem como destaque as elevações de impostos e simplificações do sistema tributário, que deverão gerar receitas anuais equivalentes a 1% do PIB. Além disso, o sistema de pensões será reformado de modo a gerar uma redução de gastos públicos de 1% do PIB em 2016, de acordo com o Wall Street Journal. Além de ser votado no parlamento, o plano será discutido no sábado pelos ministros das Finanças da zona do euro (que formam o Eurogrupo) e no domingo pelos chefes de governo da União Europeia.   

Grécia e os credores Bancos gregos estão fechados desde 29 de junho, quando controles sobre capitais foram impostos e os saques em espécie foram limitados, seguindo o colapso de negociações anteriores para um resgate ao país. A Alemanha, o maior credor, deu um pequeno passo de concessão a Atenas, ao concordar que a Grécia precisará de certas reestruturações da dívida como parte de um programa de empréstimos de três anos que viabilizaria sua economia. Ontem, um porta-voz do governo alemão se negou a fazer comentários sobre o conteúdo das últimas propostas gregas de reforma. Um porta-voz do Ministério das Finanças disse que Berlim não vai aceitar qualquer forma de alívio da dívida que diminua o valor real.  

“Se a intenção for reduzir significativamente o valor presente da dívida e, portanto, ter uma perda real, então isto vai resultar em um alívio da dívida”, disse Martin Jaeger, porta-voz do Ministério das Finanças, durante entrevista coletiva, acrescentando que tal ação não era legalmente possível na união monetária. Já Steffen Seibert, porta-voz do governo, disse que não existe dúvida de que uma cúpula da zona do euro vai acontecer no domingo. Ele acrescentou que Berlim só vai pedir um mandato de negociação ao Parlamento alemão se Atenas mostrar interesse em “reformas sérias”.

 

Alívio nos mercados

 

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovesp) fechou em alta ontem e o dólar encerrou cotado abaixo de R$ 3,20 após uma trégua nos mercados asiáticos causada pela recuperação das Bolsas da China e também com um alívio dos investidores com Grécia. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, fechou com alta de 1,56%, para 52.590 pontos. Na semana, mais curta por causa do feriado da Revolução Constitucionalista em São Paulo, o índice acumulou leve alta de 0,14%. “Com a agenda doméstica fraca no dia, os investidores acompanharam o otimismo no exterior, com a alta das Bolsas na China e após a apresentação de novas medidas de reformas econômicas na Grécia, que foram bem recebidas”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil.

Na China, as bolsas reagiram às medidas adotadas pelo governo e subiram pelo segundo dia seguido. O índice CSI300, que reúne as maiores empresas listadas nas Bolsas de Xangai e de Shenzhen, fechou com alta de 5,36%, para 4.106 pontos. O índice composto de Xangai, da Bolsa de Xangai, teve valorização de 4,54%, para 3.877 pontos. “O governo chinês, ao intervir, ajudou a impulsionar os mercados e a reduzir a preocupação com estouro de uma bolha”, afirma Rostagno.

Na quinta-feira, a agência que regula o mercado de capitais da China proibiu acionistas com participaçõessuperiores a 5% de venderem seus papéis nos próximos seis meses. Separadamente, os principais acionistas dos maiores bancos chineses, incluindo ICBC, e empresas, como a Sinopec, prometeram manter suas participações e aumentar suas cotas nas companhias listadas.

Efeito Atenas Após enviar, na quinta-feira à noite, a proposta de reformas ao Eurogrupo para conseguir ajuda dos credores, o premiê grego, Alexis Tsipras, pediu ao Parlamento do país que apoie as medidas. O endosso parlamentar dos compromissos imediatos das reformas que a Grécia está oferecendo aos credores europeus permitiria ao país avançar na corrida para obter um novo empréstimo, evitar a falência do Estado e uma possível saída da zona do euro.

Os principais nomes da oposição conservadora grega disseram que apoiarão o governo para garantir o acordo de reformas com os credores internacionais. No entanto, cinco membros radicais do Syriza afirmaram nesta sexta-feira que é preferível sair da zona do euro e voltar ao dracma do que um acordo com credores internacionais com medidas de austeridade e sem qualquer alívio da dívida.

MUNDO  O alívio com China e Grécia impulsionou os principais mercados mundiais. Em Londres, o índice Financial Times avançou 1,39%, para 6.673 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 2,90%, para 11.315 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 ganhou 3,07%, para 4.903 pontos Em Milão, o índice FTSE-MIB teve valorização de 3%, para 22.937 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou alta de 3,08%, para 11.036 pontos. E a Bolsa de Lisboa encerrou o dia com valorização de 3,04%, para 5.700 pontos. Nos EUA, os índices também acompanharam o bom humor internacional. O índice Dow Jones subiu 1,21%, para 17.760 pontos. Já o S&P 500 teve alta de 1,23%, para 2.076 pontos, enquanto o índice da Bolsa Nasdaq avançou 1,53%, para 4.988 pontos.  


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