Um mercado que movimentou, somente no ano passado, R$ 2 bilhões quer crescer mais. Por isso, o interesse das startups pelo recrutamento especializado aumentou. Com mais de 10 mil empresas do perfil no país e a maioria contabilizando sucesso absoluto, elas estão cada vez mais preocupadas com a profissionalização do processo. E interessadas em pessoas criativas que lhes possam agregar valor. A Hotmart, plataforma de venda de produtos digitais, é um exemplo disso.
Com quatro anos de existência, a empresa era uma startup. Tinha apenas quatro funcionários quando iniciou suas atividades. Ano passado, 13 pessoas faziam parte do quadro funcional e, hoje, tem 68 colaboradores. “A empresa era, exatamente, uma startup. Em 2010, participou de um concurso do buscapé (site de comparação de preços de produtos) chamado “Sua ideia vale um milhão”. Não ganhamos, mas os organizadores gostaram muito da nossa ideia e resolveram investir. Éramos quatro funcionários e viramos 13 até o ano passado, quando passamos por um processo de franca expansão”, conta o analista de marketing do Hotmart, André Ridolfi.
O profissional conta que as startups, de uma forma geral, estão interessadas em pessoal mais técnico. “A área que acaba chamando mais atenção é a da programação, porque é mais técnica. A plataforma, por exemplo, está ganhando corpo, mas apesar de os outros setores terem de acompanhar esse crescimento, é preciso de mais pessoal da área de programação. Recentemente, foram contratados profissionais para a área de aplicativos. Profissionais da área de suporte e de comercialização tendem a aumentar também, naturalmente.”
Mas, independentemente, dos setores, as startups estão buscando, segundo Ridolfi, profissionais antenados e com senso de urgência. “Não adianta ser bom em determinada área se não tiver isso, essa perspicácia para solucionar problemas urgentes. O objetivo de uma startup é ter uma equipe enxuta, capaz de resolver um problema que surgiu na hora, capaz de desburocratizar. Ela tem de ver o que as empresas tradicionais não conseguem. Qualquer segmento de uma startup está bombando porque tudo nele é uma oportunidade.”
Gerente de divisão da Robert Half, empresa especialista em recrutamento especializado, Caio Arnaes acrescenta que as startups também estão em busca de pessoal da área de finanças. “Estamos vivendo em um cenário delicado e, na contramão disso, as startups estão crescendo. Então, se você não tiver as pessoas certas na sua equipe ela não vai funcionar. Por isso, antes de qualquer coisa, é preciso entender o panorama para contratar. A gente percebe muita demanda na área de finanças, porque, quando a empresa começa a gerar muito faturamento, é necessário alguém para controlar isso. Alguém, realmente, que vai controlar o cofre.”
O especialista justifica que os profissionais das startups não têm experiência em finanças. “Não é a área que o pessoal das startups atua. Geralmente, eles são de tecnologia da informação ou de vendas. Diversas empresas que têm aplicativos têm procurado profissionais daquela área quando precisam de profissionalização, quando estão em franca expansão.”
RH NECESSÁRIO Para Paulo Mendes, sócio da consultoria 2GET, especializada no recrutamento de executivos para posições de liderança, as startups também precisam de alguém experiente e focado em gestão de pessoas. “Até pouco tempo atrás, o mais comum era que empresas nascentes se preocupassem em encontrar rapidamente uma pessoa para cuidar do dinheiro e outra para tocar as operações. Mais recentemente, começou a demanda pelo profissional de RH. Sua presença está sendo considerada desde o início da atividade da empresa.”
Segundo Mendes, a razão para se apostar em um profissional de recursos humanos é simples. Diante da generalizada falta de mão de obra qualificada – e isso é notório em companhias com forte base tecnológica –, empresa nenhuma pode selecionar mal ou perder uma boa contratação no mercado de trabalho.