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Estado de Minas

Com crise, varejo de BH vê queda de vendas; demissões somam 5,8 mil até maio

Os setores que estão tendo desempenho mais negativo são o automobilístico e material de construção


postado em 26/07/2015 10:19 / atualizado em 26/07/2015 10:51

A crise econômica e atual política nacional se refletem no comércio varejista da capital mineira tanto em vendas quanto em eliminação de postos de trabalho. Conforme o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital mineira (CDL-BH), Bruno Falci, o setor iniciou o ano com uma expectativa de avanço de 1% no faturamento ante 2014.

"A renda da população está sendo corroída: impostos e juros subindo, desemprego aumentando. O comprometimento do orçamento do consumidor só aumenta e agora vemos que o nosso faturamento vai cair, no mínimo, 1% neste ano, com viés de nova revisão para baixo", afirmou, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. De janeiro até maio, conforme dados mais recentes da entidade, há recuo de 2,97% na comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com Falci, os setores que estão tendo um desempenho mais negativo são o automobilístico e material de construção. "O consumidor não quer comprometer mais o seu orçamento com prazos longos e taxas elevadas. Além disso, os esquemas de corrupção afetaram o setor de construção civil e que reflete no do material de construção", explicou.

Nem as próximas datas comerciais - Dia dos Pais (agosto), Dia das Crianças (outubro), Natal e Ano Novo (Dezembro) - podem dar um alento no faturamento do setor no ano. "Todas as datas até o momento estão registrando movimento abaixo às mesmas do ano passado. Se vendermos neste final do ano igual ao ano passado, descontada a inflação, não acharemos ruim. Acho que vamos superar essa crise, mas será com muito esforço", declarou.

Segundo o executivo, o setor está tendo que se adaptar à nova realidade macroeconômica. "Isso inclui promoções e demissões", ressaltou. Falci informou que, até maio, o setor na capital mineira eliminou 5.825 postos de trabalho. É um número relevante já que, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em todo o Estado, 1.905 postos foram eliminados no setor somente em junho.

"E o movimento deve continuar, já que não há sinais de melhora da economia brasileira nem arrefecimento da inflação", comentou o presidente da CDL-BH. Para ele, nem há uma perspectiva positiva para as contratações temporárias de final do ano, quando ocorre a melhor época de vendas para o comércio. "No final do ano passado, a contratação temporária foi baixíssima, já mostrando o sinal do problema que teríamos neste ano", disse.

Sobre promoções, Falci acredita que não haverá tantas como houve nesse primeiro semestre. "Antes, as empresas tinham que desovar estoques. Agora, acredito que esse os estoques se adequaram à demanda atual e o varejista precisa recuperar seu caixa e recompor margens. Se acontecerem, serão pontuais", falou.

O presidente da CDL-BH declarou que só haverá uma mudança de tendência do desempenho negativo do setor se o governo federal agir de maneira mais precisa para reverter a crise. "O que estamos vivendo é reflexo de uma gestão ruim no País. E o conserto desse estrago tem que partir do governo federal. Nós estamos fazendo os cortes de gastos, a nossa parte. Agora, o governo precisa fazer a parte dele", desabafou.


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