A Capital Economics aponta, em relatório divulgado nesta segunda-feira, que a maioria das moedas de países emergentes recuou ao longo do último mês, com várias em mínimas de anos ante o dólar, ou perto disso. Segundo a consultoria, para a maioria dos países, o impacto econômico da recente fraqueza nas moedas deve ser pequeno. "Mas para aqueles emergentes com alto nível de dívida em dólar ou um problema de inflação, notadamente a Turquia, as moedas mais fracas são uma importante ameaça à estabilidade macroeconômica", afirma.
A Capital Economics diz que o principal gatilho para as quedas mais recentes entre as moedas emergentes é o recuo nos preços das commodities, afetando mais os principais produtores de commodities na América Latina, junto com Rússia e África do Sul. Além disso, fatores específicos de cada país pesam, entre eles a piora na situação de segurança na Turquia, sinais de recuos nas reformas econômicas no México e a piora na perspectiva de crescimento em Taiwan e na Coreia do Sul.
Segundo a Capital, o Brasil é um dos países em que a fraqueza da moeda deve manter a inflação alta, ao lado de Rússia, Turquia e África do Sul. A consultoria diz que esse cenário representa um importante freio na capacidade dos formuladores da política nesses países de afrouxar a política monetária para impulsionar o crescimento. Por outro lado, a análise lembra que a moeda mais fraca pode levar os déficits externos a "um nível mais sustentável", inclusive em Brasil e Turquia, dois países que "têm grandes déficits em conta corrente".
Em resumo, a consultoria diz que o impacto econômico das recentes desvalorizações cambiais deve ser limitado na maioria dos emergentes. "As exceções são alguns dos emergentes com grande endividamento em dólar ou alta inflação, notadamente Brasil, Turquia e África do Sul, onde a fraqueza da moeda é uma ameaça à estabilidade econômica e um freio na capacidade dos formuladores da política para sustentar o crescimento", afirma.