Brasília – Depois de se reunir, no Palácio do Planalto, com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse ontem que apesar da revisão da meta de superávit primário, anunciada na semana passada, o governo espera retomada do crescimento econômico no último trimestre deste ano e já vê sinais de recuperação em alguns setores. A má notícia para o cenário traçado pelo ministro, no entanto, veio da expansão da dívida pública federal, que foi de 3,5% em junho, quando atingiu R$ 2,583 trilhões, de acordo com dados do Tesouro Nacional divulgadas ontem.
Com a revisão da meta, a União pretende retomar o diálogo com lideranças da base aliada no Congresso para ver aprovado o projeto de lei com o novo número, que passou de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços no país) para 0,15% do PIB. “Apesar de o resultado primário ficar abaixo do que inicialmente prevíamos, ainda assim é uma trajetória de elevação do resultado primário. Que é consistente, de um lado, com a responsabilidade fiscal, porque isso vai estabilizar e depois reduzir o endividamento do governo, e também é uma estratégia de responsabilidade social”, observou o ministro.
Nelson Barbosa disse, ainda, que a revisão é compatível com a manutenção dos principais programas do federais e com a recuperação da economia: “...que nós esperamos (a recuperação) que já comece a acontecer a partir do final deste ano, a partir do último trimestre de 2015 e ganhe força a partir do ano que vem “. Ele confirmou que os ministros vão fazer reuniões, na volta do recesso parlamentar, com as principais lideranças da base aliada para aprovar a revisão da meta fiscal de 2015 e dos anos subsequentes. A intenção do esforço é passar as propostas no Legislativo “o mais rápido possível”. Segundo o ministro, setores como o das empresas exportadoras e o agronegócio já mostram recuperação.
Barbosa admitiu que o país vive um momento de reedquilíbrio de suas contas e que nesse período é natural que haja um aumento temporário da inflação. Mas, segundo ele, a economia e o Estado têm condições de absorver as flutuações do mercado. A tendência, disse, é que as flutuações cambiais se estabilizem e o endividamento do Estado caia. “Temos um aumento temporário na inflação deste ano, mas as expectativas para o ano seguinte já indicam uma redução mais rápida para a inflação. Estamos numa fase de reequilíbrio, numa fase de ajuste”, afirmou.
Endividamento
Em maio, o estoque da dívida pública federall (DPF) estava em R$ 2,496 trilhão. A correção de juros no estoque de junho foi de R$ 23,40 bilhões no mês passado. O indicador retrata a dívida interna, que subiu 3,81% e atingiu R$ 2,462 trilhões, e a externa, de R$ 121,28 bilhões em junho. O coordenador-geral da dívida pública, Leandro Secunho, classificou o aumento de uma “questão sazonal”.
Secunho disse que o Tesouro Nacional aguarda o melhor momento para uma emissão externa de títulos soberanos brasileiros. “Vamos acessar o mercado quando entendermos que as condições são favoráveis. Podemos acessar o mercado tanto em julho quanto na volta das férias nos Estados Unidos, em setembro”, completou. Ele repetiu que as emissões externas são qualitativas e que não há necessidade de financiamento porque os vencimentos deste ano já estão cobertos.