São Paulo, 01 - Em contraposição à melhora no cenário para exportações, o câmbio encareceu as importações, o que levou diversas empresas a iniciarem um movimento de nacionalização de matérias-primas e componentes.
A Caterpillar tem planos de comprar no Brasil 400 itens que hoje importa de países como China e Europa. Entre eles estão pneus radiais, motores e cabines que antes não eram feitos no País. “Quando havia alta demanda, não havia atratividade em produzir localmente esses itens, mas, com a atual capacidade ociosa e o câmbio, as empresas buscam novos negócios”, diz o presidente da Caterpillar, Odair Renosto. “Nacionalizar está mais competitivo.”
A Federal Mogul trazia de fora cerca de 80% dos componentes para a produção de pastilhas de freios, entre os quais chapas e molas. “Hoje, essa participação caiu para 55% porque estamos encontrando preços mais atrativos aqui dentro”, diz o diretor-geral José Roberto Alves.
O presidente da Bosch, Besaliel Botelho, ressalta que há dificuldades em nacionalizar componentes porque os clientes não aceitam arcar com parte do valor em dólar de itens que precisam continuar sendo importados. Por exemplo, as centrais eletrônicas para o sistema de airbag não são feitas no País. “O cliente paga a peça em real e não quer recompor a parte do câmbio do que é importado”, diz.
Segundo Botelho, essa postura inviabiliza nacionalizações. Até mesmo itens que já foram parcialmente nacionalizados, como freios ABS, correm o risco de terem a linha desativada. “É mais fácil trazer do México”.
O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, diz que a substituição de produtos importados por nacionais começa a se intensificar e, para ele, é uma tendência que deve prevalecer “pois esse câmbio novo está aí para ficar por pelo menos mais alguns anos.” As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.