Em sua quarta alta consecutiva, o dólar fechou o dia em R$ 3,4642, alta de 0,28%. O resultado é, novamente, o maior em 12 anos. Em 2015, a moeda americana acumula valorização de R$ 30,3% sobre o real.
Sobre a persistente alta do câmbio, o ministro da fazenda Joaquim Levy, comentou em entrevista que o dólar é flutuante, apontando, no entanto, que a evolução da economia mundial tem, em alguns pontos, se acelerado. Ele citou a recuperação dos Estados Unidos, que estudam alta em sua taxa de juros, tema que tem atraído a atenção do mercado.
Questionado se o dólar permanecerá no atual patamar, Joaquim Levy, disse que a moeda norte-americana "é flutuante e permanece flutuante".
Levy destacou fatores externos que têm impacto na cotação do dólar frente ao real, como as incertezas em relação à economia chinesa e a expectativa pelo aumento de juros nos Estados Unidos. "Alguns de nossos principais parceiros estão em momento de ajuste. Muito em breve, os EUA terão ajuste da taxa de juros. Indicações são bem claras que neste ano deve ter, o que sempre tem impacto nos preços dos ativos", completou.
O ministro disse ainda que a evolução do câmbio tem proporcionado maior competitividade para a indústria brasileira, principalmente a manufatureira.
Federal Reserve Nesta terça-feira, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart, afirmou que a economia dos Estados Unidos está preparada para o início do processo de altas nos juros. Segundo ele, seria preciso uma piora significativa nos dados para convencê-lo a não apoiar uma alta em setembro.
Com direito a voto nas decisões de política monetária, Lockhart é um dos primeiros dirigentes do banco central norte-americano a falar publicamente desde a reunião de política monetária da última semana. Em seu comunicado, o BC dos EUA não deu pistas de que está mais perto de elevar os juros.
A palavra do presidente do Fed de Atlanta é acompanhada com atenção pelo mercado, porque ele tende a ser considerado uma opinião "de centro", entre os dirigentes do Fed. Os comentários dele foram os sinais mais claros até agora de que os dirigentes do Fed consideram seriamente uma alta dos juros em setembro. "Seria preciso uma piora significativa no quadro econômico para eu deixar de seguir em frente", comentou em Atlanta.
Na sexta-feira, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, já havia dito que o país está em boa forma para uma alta nos juros em setembro.
Para além disso, acrescentou o dirigente, a economia parece ter reagido da desaceleração registrada no primeiro trimestre. Lockhart disse esperar em suas projeções "alguma melhora" no terceiro e no quarto trimestres, na comparação com o segundo.
Lockhart disse ainda que, a fim de manter sua visão de prazo mais longo para os acontecimentos políticos, não está inclinado a colocar muito peso sobre novos dados que devem ser divulgados nas próximas semanas, a menos que eles sejam especialmente fracos. Segundo ele, a economia está pronta e "é o momento apropriado para fazer uma mudança" na política monetária.
A grande dificuldade para o banco central, na avaliação de Lockhart, é que há pouca evidência de que a inflação está avançando rumo à meta do Fed de 2%, após ficar abaixo disso por 38 meses consecutivos. A inflação pode desacelerar nas próximas semanas e nos meses seguintes, porque continua a haver pressão de baixa sobre os preços do petróleo, disse. Além disso, o Fed não tem visto a reação nos salários que desejava ver. Por outro lado, Lockhart apontou que, conforme o emprego melhora, a tendência é que a inflação acelere.
Lockhart disse ainda que, na opinião dele, "não acho que seria um grande erro político esperar um pouco mais" antes de elevar os juros. "Eu não me preocuparia com ninharias sobre uma reunião ou mais. Mas eu realmente acho que estamos perto. A economia está num estado de prontidão para o início da normalização." (Com agências)