Em um passo na tentativa de garantir a sustentação do setor elétrico nos próximos anos, o governo federal lançou ontem um plano com previsão de ampliar a capacidade instalada do país em até 23,04%, com aumento de até 31,5 mil megawatts na potência total. Intitulado Programa de Investimento em Energia Elétrica (Piee), ao todo, é projetada a contratação de R$ 186 bilhões em negócios de geração e transmissão até 2018. Em números absolutos, o aporte em usinas hidrelétricas é o mais expressivo, com aumento de até 12,5 mil megawatts. O investimento estimado para eólicas e solares deve representar crescimento de 200% e 20.000%, respectivamente.
O programa é a soma de investimentos planejados e outros já anunciados. Do total, R$ 81 bilhões serão usados até 2018. Os outros R$ 105 bilhões saem do papel a partir de 2019. Os recursos são divididos entre geração (R$ 116 bilhões) e transmissão (R$ 70 bilhões), com a construção de 37,6 mil quilômetros de linhas para reforçar a conexão do sistema.
Atualmente, segundo o Ministério de Minas e Energia, 65,7% da capacidade de geração energética é de fontes hidráulicas. O pacote, no entanto, prevê que, do aumento total da potência, entre 12 mil MW e 12,5 mil MW refiram-se a hidrelétricas e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas). O restante é de eólicas (4 mil a 6 mil MW); solares (2 mil a 3 mil MW); térmicas de biomassa (4 mil a 5 mil MW) e termelétricas fósseis (3 mil a 5 mil MW).
O foco em energia renovável segue o direcionamento do acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos de aumento do uso de fontes limpas. Pelo trato, até 2030, 20% da geração de energia elétrica deve ser feita a partir de fontes renováveis, exceto hidrelétricas. A presidente Dilma Rousseff citou o acordo durante o anúncio do plano.
Além do aumento da capacidade de geração, o governo vai investir na construção de 31,7 mil quilômetros de linhas de transmissão, garantindo, assim, a interligação do sistema. “Enfrentando a maior crise hídrica do país (…), nós continuamos dando sustentação ao sistema. Não tivemos racionamento. É verdade que as contas aumentaram e, por isso, lastimamos. Mas aumentaram porque tivemos que usar as termelétricas, e, por isso, tivemos que pagar mais”, disse a presidente Dilma.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o racionamento de 2001 teve alto custo para o país, e as medidas anunciadas garantem robustez ao setor.
NOVOS LEILÕES O primeiro leilão de linhas de transmissão está marcado para este mês – 5 mil quilômetros serão construídos. O lote inclui 1,3 mil quilômetros em Minas Gerais e no Espírito Santo, com aporte de R$ 1,3 bilhão.
Outro leilão está previsto para outubro e um terceiro para dezembro, com a construção de 2 mil e 8,5 mil quilômetros, respectivamente. No lote A, de outubro, serão investidos R$ 660 milhões no reforço da rede básica de transmissão dos sistemas mineiro e capixaba. Em dezembro, é a vez da licitação para construção de 4,1 mil quilômetros de linhas de transmissão para aumento do intercâmbio entre as regiões Nordeste e Sudeste.
O presidente da Cemig, Mauro Borges, disse que a estatal tem interesse em obras do PIEE, principalmente nos leilões de linhas de transmissão que cortam o estado. “O plano é interessante, são investimentos substantivos. Só na parte de transmissão temos R$ 15 bilhões. São investimentos já programados, mas agora colocados com data e cronograma”, afirmou, depois de se reunir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy (Com agências)